sábado, 23 de novembro de 2024
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Polícia usa tecnologia que atualiza imagens de pessoas desaparecidas

Há 21 anos, Zeni Souza do Carmo, 65 anos, procura pela filha Stephany de Souza Lopes. A última vez que elas se viram foi na manhã do dia 17 de…

Há 21 anos, Zeni Souza do Carmo, 65 anos, procura pela filha Stephany de Souza Lopes. A última vez que elas se viram foi na manhã do dia 17 de agosto de 2002, quando a mãe saiu de casa para trabalhar. Quando voltou, a menina de 6 anos havia desaparecido. Desde então, Zeni enfrenta uma longa batalha em busca da filha. “É muita luta, muita dor. A vida da gente muda muito”, desabafa.

Stephany está prestes a completar 27 anos, e o seu rosto não é mais o daquela criança de 6 anos. Há quase uma semana, o escrivão e artista forense Thiago Beleza utiliza técnicas de progressão de envelhecimento para projetar como a Stephany de 6 anos se pareceria hoje, já adulta.

A foto de Stephany é uma das imagens divulgadas nos vagões do metrô nesta quinta-feira (25), data que marca o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. O estado de São Paulo contabiliza, desde 2017, 964 queixas em aberto de crianças de zero a 11 anos desaparecidas. Somente neste ano, foram 53 registros.

A Polícia Civil de São Paulo conta com uma tecnologia que é fundamental para investigar casos de pessoas que desapareceram ainda na infância. A ferramenta é a mesma aplicada para o retrato falado digital, mas com outro objetivo. O escrivão Thiago Beleza explica que o envelhecimento é feito com base em fotos do desaparecido e de familiares, como pais e irmãos, se houver.

O processo pode levar semanas, e vários fatores são levados em consideração. “A gente leva em conta a situação que ela pode estar. Às vezes ela pode estar em uma situação de rua, se era usuária de entorpecente, e o resultado que isso pode ter no rosto dela”, explica.

Em 2020, Eliot Paim, 27 anos, foi encontrado após ficar 2 meses em situação de rua. Ele morava no Morumbi, na zona Sul da capital. Depois de um passeio pelo bairro, não voltou para a casa dos pais. A família procurou a polícia, que então fez a progressão de envelhecimento. Com a divulgação da imagem, um professor de educação física reconheceu Eliot em uma rua da região central de São Paulo.

Beleza ressalta que a população passa a ter um papel muito importante quando a progressão de envelhecimento é divulgada. “Às vezes, a investigação chega a um ponto que depende de ajuda, e isso auxilia a dar um norte para esses casos que ficam sem saída”, afirma.

A delegada Bárbara Lisboa Travassos, da Delegacia de Polícia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas, afirma que a ferramenta de envelhecimento progressivo de desaparecidos e o retrato falado digital são fundamentais no trabalho da polícia. “Toda vez que temos uma ação de desaparecidos no metrô, a quantidade de ligações que recebemos aumenta. A gente trabalha muito menos com a leitura, e mais com a informação visual.”

Quando uma pessoa desaparece, a providência mais importante é registrar o boletim de ocorrência. É importante a família passar a maior quantidade de características físicas da pessoa que sumiu, como tatuagens ou sinais de nascença, além de detalhar o contexto do desaparecimento. O boletim de ocorrência pode ser feito pela internet, na Delegacia Eletrônica, ou no distrito policial mais próximo da residência da pessoa desaparecida.

Para auxiliar nas buscas, a Polícia Civil divulga na internet fotos de pessoas desaparecidas. Nos casos em que os desaparecidos são localizados, é preciso registrar um boletim de encontro via Delegacia Eletrônica ou em qualquer distrito policial – a medida desbloqueia o RG do desaparecido e também permite a retirada de fotos divulgadas durante as buscas.

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