A Polícia Civil prendeu nesta quinta (25) um homem que criava e comercializava cobras de espécies raras. Na casa dele foram apreendidos 62 animais, dos quais apenas três são exemplares da fauna brasileira.
O restante foi trazido clandestinamente ou é oriundo de reprodução em cativeiro. “A introdução de animais não nativos do Brasil, além de crime, pode comprometer o meio ambiente, pois não se sabe a origem, nem se os répteis possuem alguma doença transmissível. Isso pode virar uma praga”, afirma o delegado Roberto Afonso da Silva. A identidade do criador não foi revelada para não comprometer as investigações. “Esperamos chegar em breve ao restante da quadrilha e descobrir quem compra esse tipo de bicho”.
As 62 cobras (jiboias, cornie snakes, rat snakes e king snakes, entre outras – todas não-peçonhentas) ficavam em caixas plásticas no apartamento do acusado, localizado na Zona Leste. Com o homem moravam dois filhos pequenos, que conviviam com os répteis. Cada animal custa no mercado negro entre 100 e 1 500 dólares. O criador vai responder na Justiça por manter animais silvestres em cativeiro e por introduzir cobras não-nativas no meio ambiente. Se condenado, poderá pegar até dois anos de cadeia.
A investigação foca ainda em comerciantes de animais peçonhentos, cujo veneno, como no caso da cobra coral, pode custar 30 000 dólares o grama. “Esse mercado é mais vantajoso e dá menos cadeia do que a cocaína, mas quando conseguimos qualificar as quadrilhas no crime, as penas ficam altas”, afirma o delegado Silva. Presas naturais das cobras, os ratos também são alvo dos policiais. “Existe um mercado informal de ratos e camundongos, que abastece os criadouros de répteis clandestinos. Não se sabe a procedência e nem que tipo de doenças esses bichos podem transmitir às cobras”.