Uma operação conjunta da Guarda Civil Metropolitana e de policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e da Polícia Militar, realizada hoje (5), prendeu 14 pessoas em flagrante e apreendeu dois menores por transporte e comércio de drogas na região da Cracolândia, em São Paulo. Uma mulher está foragida. Mais 35 pessoas suspeitas foram detidas e, segundo o delegado Adilson da Silva Aquino, a polícia trabalha na identificação desses suspeitos.
De acordo com os investigadores, traficantes que atuam na Cracolândia burlavam as revistas policiais que são feitas diariamente na região escondendo drogas em um buraco que eles abriram dentro de uma Unidade Emergencial de Atendimento, o Atende II, um espaço do serviço social da prefeitura de São Paulo, localizado na Rua Helvétia. O objetivo dos criminosos era entrar pela Alameda Dino Bueno [rua que cruza a Helvétia], evitando serem pegos na revista que é feita diariamente na Rua Helvétia. De lá eles conseguiam chegar ao fluxo, local onde a droga é comercializada e consumida.
“Conseguimos identificar que, enquanto eles estavam na Alameda Dino Bueno, eles começavam a fazer o tráfico de drogas por ali e, quando tinham que regressar para a Cracolândia, eles burlavam a revista que é feita diariamente pela Guarda Metropolitana na Rua Helvétia, ingressando nas instalações do serviço Atende. Lá eles faziam remessa de uma grande quantidade de drogas, de dinheiro e de utensílios, como pratos, que eles utilizavam no fluxo”, disse Aquino.
Drone e câmera
Segundo a prefeitura, a Guarda Civil Metropolitana identificou essa atividade ilegal dentro do Atende II por meio de um drone e de câmeras, apresentando o material para o Denarc. O buraco no muro da Unidade Emergencial de Atendimento, informou a prefeitura, foi descoberto por funcionários no final de janeiro.
“Essas pessoas [traficantes] burlavam a revista para ingressar no fluxo para comercializar a droga”, disse o delegado Carlos Battista. Segundo ele, a Guarda Civil Metropolitana faz, duas vezes ao dia, uma limpeza na região da Cracolândia, uma pela manhã e outra, à tarde. “No momento da limpeza, eles [usuários] são deslocados para a Alameda Dino Bueno. E, no retorno da limpeza, obrigatoriamente eles são obrigados a passar por uma revista realizada pela Guarda Civil Metropolitana justamente para que não ingressem com drogas ou apetrechos para comercialização da droga. Então, como meio de burlar a revista, eles [traficantes] fizeram um buraco, difícil de acessar, já que fica em um lugar alto”, explicou Batista.
Segundo o delegado, em meio à multidão, no momento de reingresso ao fluxo, os traficantes acessavam o buraco, na parte de trás do Atende II e retiravam a droga. “Quando eles ingressam no Atende, eles se misturam às pessoas que fazem tratamento por ali. E aí eles acessam o fluxo”, explicou Battista.
Sobre a possibilidade de participação de funcionários no esquema, Battista disse que ainda é prematuro afirmar que eles estariam colaborando com os traficantes, mas isso ainda será objeto de investigação.
Durante a operação, cerca de 8 kg de drogas foram apreendidas pelos policiais e guardas municipais.
Atendimentos
De 26 de maio de 2017, quando teve o início do Programa Redenção, até o dia 25 de fevereiro de 2020, a Unidade Redenção fez 20.685 atendimentos, entre eles, 12.909 internações voluntárias em leitos de desintoxicação em hospitais contratados, 383 encaminhamentos para leitos de prontos-socorros e hospitais municipais e gerais, 314 para Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS-AD), 16 para o Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) e 626 para a rede de atendimentos sociais.