sexta-feira, 20 de setembro de 2024
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Polícia investiga mulher por xingamentos racistas contra homem

A Polícia Civil iniciou nesta terça-feira (15) uma investigação contra uma mulher que ofendeu com insultos racistas um homem que passava com o filho por uma rua do Jabaquara, na…

A Polícia Civil iniciou nesta terça-feira (15) uma investigação contra uma mulher que ofendeu com insultos racistas um homem que passava com o filho por uma rua do Jabaquara, na Zona Sul da cidade de São Paulo.

Na tarde de sábado (12), Leandro Antônio Eusdacio Xavier, 39 anos, foi buscar o filho de 12 anos na casa da ex-esposa para que passassem o fim de semana juntos, quando presenciou uma mulher proferindo ataques racistas contra pessoas na rua, e resolveu filmar a cena com celular na tentativa de fazê-la parar. Foi quando ele também virou alvo dos ataques.

O vídeo mostra quando Leandro liga a câmera e diz a ela “vai, continua xingando preto”, ao que ela responde: “É preto, macaco, e aí? Preto, macaco, chimpanzé. Posta que eu vou te processar e pegar dinheiro. Xingo o quanto quiser, tenho carta branca. Preto, macaco, chimpanzé, orangotango. Vai, posta”.

Leandro desligou a câmera e seguiu para casa, mas contou ao G1 que o episódio se tornou incômodo ao longo do fim de semana.

“Eu não consegui ver o vídeo até hoje. Não dormi direito, fiquei pensando nisso. O que mais me dói é que meu filho estava comigo. Ele é um moleque sossegado, talvez seja só uma preocupação minha, mas não sei como fica a cabeça dele. Depois conversei com ele e disse que o pai tomaria uma providência”, contou Leandro, que registrou um boletim de ocorrência por injúria.

“Em pleno século 20 a pessoa falar daquela forma, como se você não fosse nada? O que ela fez não pode se repetir, e se a gente ficar calado as pessoas continuam fazendo isso”, continuou Leandro, que mora em Diadema, no ABC paulista, e toma quatro conduções por dia para trabalhar como auxiliar de serviços gerais em um edifício no bairro da Saúde.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o caso foi registrado como injúria racial pelo 35º DP, mas é investigado pelo 97º DP Americanópolis, responsável pela área. A investigação, de acordo com a pasta, está em andamento para identificação da autora e esclarecimento dos fatos.

O uso de palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima é um crime de injúria racial, conforme o artigo 140 do Código Penal, que estabelece pena de reclusão de um a três anos.

Além de injúria racial, há o crime de racismo, previsto na Lei n. 7.716/1989, e aplicado quando a ofensa discriminatória se dirige a um grupo. O crime prevê de três a cinco anos de reclusão.

Outros relatos
Depois que o vídeo gravado por Leandro Antônio Eusdacio Xavier viralizou, outros relatos sobre a conduta da mesma mulher e até novas imagens emergiram nas redes sociais.

O novo vídeo mostra uma mulher de costas, no meio da rua, gritando: “Preto, macaco, chimpanzé. Gorila. Orangotanga (sic). Macaco, chimpazé. Aqui você não manda”.

Em uma página que compila denúncias dos moradores do Jabaquara, os internautas disseram ter identificado a mulher, que seria conhecida por proferir insultos racistas nas ruas do bairro.

“Eu conheço essa racista. Ela fica ao lado do Sacolão do Jabaquara”, disse um internauta. “A polícia conhece ela. Ela xinga até a própria polícia. Sempre xingou todos que passam e sempre vai xingar. Ela não xinga só negros, xinga até crianças. Ela tem problemas e a polícia sabe disso”, escreveu outro.

Alguns dos comentários criticaram a exposição dos vídeos, justificando o crime com a suposta doença da mulher. “Está óbvio que ela é doente. Absurdo esse tipo de julgamento. Seria bom comunicar à família, ela pode estar correndo risco”, alertou uma internauta.

“Sempre assim, né, dá desculpa de que tem problema. Não vi ela rasgando dinheiro. Então quer dizer que daí tudo bem sair xingando as pessoas no meio da rua do jeito que quiser?”, questionou Leandro, autor do primeiro vídeo.

Questionada se realmente a mulher é conhecida pelo policiamento da região, a Polícia Militar não respondeu a essa questão, mas disse que não recebeu nenhum chamado para os endereços fornecidos pela reportagem no domingo (13), nem no sábado (14).

A PM orienta a quem se deparar com pessoa com transtornos mentais a acionar os serviços de emergência pelo telefone 190 e 193.

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