A Polícia Civil de Birigui investiga as circunstâncias da morte de uma criança de apenas 1 ano e 7 meses que, na quinta-feira (04) da semana passada, após ser atendida duas vezes por equipe médica do Pronto-Socorro local e transferida às pressas para a Santa Casa de Araçatuba, veio a óbito com quadro de infecção generalizada.
De acordo com boletim de ocorrência registrado por familiares da pequena Yasmin dos Santos Costa, o fato de uma outra criança, com o mesmo nome, ter sido atendida na mesma unidade de saúde naquele dia pode ter levado profissionais do local a fazerem confusão e darem alta de forma errada para a paciente que acabou morrendo.
Conforme registro policial, por volta das 7h10 do dia 04, o pai e a mãe de Yasmin a levaram até o PS com febre e dores na barriga. A menina foi medicada e ficou em observação até 12h10, quando recebeu alta médica.
Na ocasião, o médico que atendeu a criança prescreveu medicamentos para tratamento em casa. Na receita entregue aos pais constam remédios para gases, estômago e vermes. No entanto, Yasmin nem chegou a utilizá-los, pois voltou a passar mal enquanto sua mãe, Adriana, lhe dava um banho. Socorrida pela segunda vez ao PS de Birigui, acabou falecendo poucas horas após ser transferida para a Santa Casa de Araçatuba.
INFORMAÇÃO ESTRANHA
Ao chegar pela segunda vez no PS, a mãe de Yasmin diz, conforme boletim de ocorrência, ter estranhado informação passada no atendimento. Em relato à polícia, Adriana afirma: “no atendimento disseram que Yasmin tinha dado entrada por volta do meio dia e teria sido liberada”.
A mãe da criança estranhou que, após chegar à unidade às 7h10, Yasmin teve alta médica às 12h10. A criança não chegou à unidade por volta do meio dia, mas sim perto das 13h, após ter passado mal enquanto tomava banho.
O conflito de horários fez com que profissionais da unidade de saúde se atentassem ao fato de que duas crianças com o mesmo nome tinham passado pelo local naquele dia. “Foi quando o hospital verificou que tinham confundido a ficha clínica de duas Yasmin que estavam presentes no hospital e acabaram liberando a filha da declarante (Adriana) de firma equivocada”, diz trecho da ocorrência registrada pela Polícia Civil.
Às 13h, a Yasmin que voltava à unidade, com mãos e pés frios e lábios roxos, foi encaminhada ao setor de emergência, onde foi entubada e esperou até por volta das 15h para ser transferida por uma ambulância até a Santa Casa de Araçatuba.
Familiares da pequena Yasmin afirmam no relato à polícia que a menina sofreu uma parada cardíaca logo que chegou à Santa Casa de Araçatuba. Ela foi reanimada por profissionais locais e teria sofrido ao menos mais duas paralisações dos batimentos cardíacos. “Por volta das 18h, a médica, pediatra, falou para a família que Yasmin tinha falecido de uma infecção generalizada”, diz os familiares na ocorrência registrada.
O corpo de Yasmin foi liberado no mesmo dia para que familiares providenciassem o velório. O enterro aconteceu no dia seguinte (05), por volta das 15h, no cemitério da Consolação, em Birigui.
FAMÍLIA VAI PEDIR NA JUSTIÇA EXUMAÇÃO DO CORPO DE YASMIN
Na noite desta quinta-feira (11), a reportagem do site Araçatuba e Região conversou, por telefone, com duas tias da pequena Yasmin. De acordo com Cássia Santos e Viviane Batista, a família ainda busca entender o que de fato aconteceu com a menina.
Os familiares já entraram em contato com uma advogada e pronunciaram o desejo de pedir, judicialmente, a exumação do corpo de Yasmin. Os parentes querem saber a causa da infecção generalizada que levou a criança à morte.
Mais que isso, os pais da criança, que tinha outros três irmãos, querem saber se de fato os profissionais do Pronto-Socorro de Birigui se confundiram com o fato de terem atendido duas meninas com o mesmo nome e se isso causou altim tipo de erro médico que possa ter contribuído para a morte de Yasmin.
“Nós queremos saber o que aconteceu. Do que Yasmin morreu? Consta de foi uma infecção generalizada. Mas o que causou isso. Foi algum problema no estômago, no intestino? De onde surgiu essa infecção?”, pergunta a tia Viviane.
De acordo com ela, na manhã do dia 4, quando deu entrada pela primeira vez no PS de Birigui, os profissionais do local teriam colhido sangue da criança para a realização de exames. O resultado apresentado foi de que Yasmin tinha uma “pequena anemia”, conforme relata a tia.
Viviane acredita que este primeiro exame deveria apontar algum quadro de infecção, uma vez que essa teria sido a causa do óbito. “Nós queremos explicações até mesmo para que o serviço público de saúde prestado à população seja de melhor qualidade e que tenha mais atenção”, diz.
Por conta das incertezas, Viviane, assim como os pais da pequena Yasmin, querem obter autorização judicial para a exumação do corpo da criança, com a finalidade de descobrir o que, de fato, teria causado o quadro de infecção generalizada.
INSTITUTO GESTOR DE PS NEGA TROCA DE FICHA CLÍNICA
Responsável pela gestão do Pronto-Socorro de Birigui, o IDS (Instituto de Desenvolvimento Social) emitiu nesta quarta-feira (10), uma nota sobre o caso, a pedido da RecordTV. A equipe de jornalismo da emissora, sediada em Araçatuba, produziu reportagem sobre o ocorrido.
No documento, o IDS nega a possibilidade de erro com as fichas médicas das duas crianças com o nome Yasmin que passaram pela unidade de saúde no dia 04. “A informação de que houve troca de prontuários não procede. O que ocorreu foi que houve atendimento a dois pacientes com o mesmo nome, porém em horários alternados, não havendo a alardeada confusão”, diz a nota do instituto.
Sobre a investigação do que pode ter acontecido, de acordo com o que a família relatou à polícia, o IDS afirma que buscará informações. “Quanto à apuração do atendimento referente ao caso, informamos que: será solicitado relatório médico à Santa Casa de Araçatuba, onde o óbito ocorreu, para apuração mais precisa dos fatos. Que o IDS lamenta profundamente a tragédia ocorrida, vem buscando um serviço de excelência e aprimorando o atendimento, que já melhorou muito e, assim que tiver uma conclusão do caso, posicionará a sociedade e as autoridades”.
O instituto finaliza a nota, assinada pela gerente operacional Luciana Lima, dizendo que se “se coloca sempre à disposição para esclarecimentos que se fazem necessário”.