domingo, 10 de novembro de 2024
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Polícia investiga fisioterapeuta por estupro contra paciente

A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Araçatuba investiga um fisioterapeuta de 62 anos, de Araçatuba, por estupro contra uma paciente de 46 anos, que está acamada e não…

A DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Araçatuba investiga um fisioterapeuta de 62 anos, de Araçatuba, por estupro contra uma paciente de 46 anos, que está acamada e não consegue ao menos se sentar, após sofrer um acidente de motocicleta em julho deste ano, na avenida Joaquim Pompeu de Toledo. O fato ocorreu no dia 25 de outubro, em sua residência, quando recebia atendimento do profissional.

A reportagem da Band FM e do RP10 conversou com a vítima, que trabalha como gerente em um estabelecimento comercial e pediu para não ter a identidade revelada. Após sofrer a violência sexual, ela conseguiu gravar uma conversa com o agressor e procurou a polícia para denunciar o caso.

O profissional atua na área de fisioterapia há mais de 30 anos. Sua identidade não será revelada devido à lei do abuso de autoridade, que impede a divulgação de nomes de acusados antes da condenação. A Polícia Civil já instaurou um inquérito para apurar os fatos.

A mulher sofreu um grave acidente no dia 21 de julho, quando conduzia a sua motocicleta pela Pompeu de Toledo. Ela não se lembra muito do que aconteceu, mas desde então, está acamada e tenta se recuperar dos traumas, que incluíram a fratura da bacia e da pelve, perfuração da bexiga, duas paradas cardiorrespiratórias, 30 dias tomando morfina e três cirurgias.

Após ficar 45 dias internada na Santa Casa de Araçatuba, a gerente foi para casa, no dia 3 de setembro, para se recuperar do acidente. Como precisa de fisioterapia, recebeu a indicação do profissional, que passou a atendê-la em sua residência.

Ela conta que se sentia desconfortável com o homem, que sempre a elogiava, dizendo que era ela linda, e perguntava o que ela achava dele. “Eu achava aquilo muito estranho, mas como havia sido indicação de uma pessoa conhecida, relevava”, contou.

Outro ponto que ela estranhou foi a repentina mudança no horário de atendimento, que ele pediu para deixar de ser às 15h e passar a ser às 9h, horário no qual ela geralmente fica sozinha em casa.

O CASO

O caso aconteceu, efetivamente, no dia 25 de outubro, quando ela estava com muita dor e mal conseguia se virar de lado. Quando ele chegou para o atendimento, ela disse que não tinha condições de fazer fisioterapia por causa de suas condições, mas ele insistiu, dizendo que iria passar um aparelho em seu corpo para que ela relaxasse.

Em seguida, colocou uma música no celular, dizendo que ouvia a canção quando estava no seminário e pediu que ela fechasse os olhos. Ela vestia um vestido de malha e short por baixo. Conforme o relato da vítima, o profissional disse que tinha que tirar o short para passar o aparelho na virilha.

Ao tirar a peça de roupa, pediu que ela abrisse a perna, puxou a sua calcinha e foi com a boca em direção à sua vagina, colocou as mãos em seu seio e ficou sobre a vítima. O aparelho que ele segurava caiu e quebrou. Ela gritou, mas estava paralisada, sem conseguir se defender e sair dali.

“SOU RÉU CONFESSO, PEÇO PERDÃO”, DISSE O PROFISSIONAL EM GRAVAÇÃO

Após o grito da mulher, ele foi embora, mas voltou no dia seguinte, como se nada tivesse acontecido. A vítima, no entanto, já tinha se preparado para gravar uma conversa com o fisioterapeuta, que admitiu ter errado, pediu perdão e comparou o seu ato ao de médicos abusadores que foram denunciados por pacientes.

O profissional chega dando bom-dia, fala de uma outra paciente e depois pergunta por que ela está calada. A vítima responde: “Estou pensando no que você fez ontem”. Ao que ele diz: “E eu tenho que fazer o quê? Tenho que pedir perdão para você? Eu peço”.

A mulher continua, dizendo que não foi certo o que ele fez, que responde: “Eu sei, mas eu peço perdão”. Na sequência, recebe uma ligação. Depois, a conversa com a vítima é retomada. Ele diz para ela: “Você não merecia. Foi falha, eu não sou perfeito, eu, no começo, assumo que estava envolvido com você, mesmo que fosse platônico. Você não me deu motivo e eu pisei na bola”, disse.

O fisioterapeuta continua: “Sou réu confesso, estou sendo sincero. Eu atendo meninas com 15, 17 anos, se eu fizesse um décimo do que eu fiz com você, eu estaria condenado. O Conselho de Fisioterapia me colocaria na cadeia”, afirmou.

Ele diz, ainda, na gravação, que nunca tinha ficado excitado antes, “mesmo atendendo mulheres mais jovens” e que depois ficou “remoendo” o que tinha acontecido. “Eu te toquei, foi tudo errado. Não tem justificativa, eu pisei na bola”.

O profissional ainda se compara a um médico denunciado por abusar de paciente, a quem chamou de canalha. “Ontem, eu fui um canalha”, afirmou. E ainda disse que, se tivesse feito o mesmo com qualquer outra pessoa, perderia os seus mais de 30 anos de formado, acreditando que a vítima fosse se calar diante do abuso.

“ME SINTO VIOLADA, SUJA, NÃO QUERO MAIS VER ESSE HOMEM”

Em entrevista à Band FM Araçatuba, a vítima disse que decidiu denunciar porque acredita que o fisioterapeuta tenha feito outras vítimas. “Fiz isso em nome das que se calaram e para impedir que ele faça isso com outras mulheres”, afirmou.

Ela disse que teve de vencer o medo e a vergonha. “Estava me sentindo violada, suja, não quero mais ver esse homem”, desabafou. “No começo, fiquei em choque, achei que fosse mentira, mas depois vi que ele não pode ficar impune”, completou.

A vítima proibiu a entrada do fisioterapeuta no condomínio onde mora e espera por Justiça. “Eu quero que ele pague e que, se houver outras vítimas, que elas apareçam, porque muitas ficam envergonhadas, se sentem humilhadas e não têm coragem de denunciar”.

No Brasil, o crime de estupro é punido com penas que variam de 6 a 10 anos de prisão.

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