

A Polícia Civil de São Paulo informou nesta segunda-feira (6) que está investigando a possibilidade de uma clínica veterinária ter adquirido sangue de gatos coletado clandestinamente em Monte Alto (SP). O esquema veio à tona no último sábado (4), quando três pessoas foram presas, incluindo um estudante de veterinária.

O delegado Marcelo Lourenço dos Santos, responsável pelo caso, informou que o foco é identificar outros envolvidos. “Há informações de que este sangue seria direcionado a uma clínica específica, essa regularizada, em outra cidade. A gente está trabalhando com essa linha investigativa nesse sentido”, disse.
Coleta em condições insalubres
A Polícia Civil detalhou que a coleta de sangue estava sendo realizada em uma residência em condições insalubres e sem a presença de um médico veterinário. No local, foram encontrados pelo menos seis gatos desacordados.
O delegado ressaltou que a forma da coleta configura crime de maus-tratos, pois o procedimento ilegal causou sofrimento e dor aos animais, que estavam prostrados no chão. Equipamentos de coleta e frascos de sangue foram apreendidos.
Suspeitos e o Anúncio de R$ 50
Cinco pessoas foram levadas à delegacia: Cleiton Fernando Torres (estudante de veterinária), Sandra Regina de Oliveira, Angela Aparecida Alves Ribeiro, Everton Leite Silva e Jose Luiz de Lima. Após depoimentos, a Justiça manteve apenas Cleiton preso, enquanto Sandra e Angela foram soltas na audiência de custódia.
O esquema veio à tona após um anúncio em redes sociais oferecer R$ 50 a tutores que submetessem seus gatos ao procedimento.
- Cleiton, Jose e Everton alegaram trabalhar como freelancers para uma clínica de São José do Rio Preto para fornecer sangue felino. Cleiton disse que coordenava os procedimentos e recebia R$ 300 por diária.
- Angela, dona da casa, afirmou que permitiu a coleta para ajudar outros gatos, negando ter recebido dinheiro.
A clínica Hemoser, de São José do Rio Preto, citada no boletim de ocorrência, negou que bancos de sangue veterinários sejam ilegais e que causem maus-tratos, mas não comentou diretamente a alegação de ter contratado os freelancers. A defesa de Cleiton também alegou inocência, afirmando que a coleta de sangue animal com finalidade terapêutica não é crime.
Gatos resgatados com doença grave
A Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente recolheu três gatos e confirmou que um deles foi diagnosticado com Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV), uma doença que ataca o sistema imunológico dos felinos, equivalente à Aids em humanos e sem cura. O órgão busca outros três gatos para realizar testes.
A FIV não é transmitida a humanos, mas pode ser repassada a outros gatos pelo contato com saliva ou sangue. O diagnóstico precoce é crucial para controlar a doença.
O caso foi registrado na Delegacia de Jaboticabal como ato de abuso a animais e continua sendo investigado pela Polícia Civil.













