O Serviço de Inteligência da Delegacia Seccional de Rio Preto está à procura de 600 pessoas suspeitas de envolvimento com pornografia infantil na região. Eles foram descobertos em grupos clandestinos da deep web, investigados pela Operação Black Dolphin. No mundo virtual já foram descobertos, agora falta saber o endereço da casa de cada um.
Desde 2018, foram presos em operações 150 criminosos sexuais que atuam no mundo virtual. Nesta lista tem desde aliciadores de crianças por meio de redes sociais até estupradores. Esses criminosos da região de Rio Preto chegam a vender por R$ 300 cada vídeo de pornografia infantil produzido por eles mesmos, após sodomizar crianças e adolescentes.
Os 600 suspeitos foram descobertos durantes as investigações das operações Black Dolphin, que resultou em 56 pessoas presas por pornografia infantil. À frente desta investigação está o delegado Alexandre Del Nero Arid.
“Detectamos que são pessoas da nossa região. A gente está tentando identificar. Estamos correndo atrás, vencendo as barreiras tecnológicas impostas por eles. A gente está monitorando essas pessoas”, explica o delegado.
Para emitir mandados de busca e apreensão, a Polícia Civil precisa descobrir os IPs (endereços eletrônicos) dos computadores para ter acesso ao endereço físico e ser solicitada autorização judicial para entrar na residência. Caso seja encontrado material de pornografia infantil, os policiais prendem o suspeito em flagrante.
A polícia tem encontrado outra parte dos pedófilos após examinar os arquivos de vídeos de pornografia infantil apreendidos em computadores. Dois deles foram presos em Miguelópolis e São Paulo após serem identificados por imagens apreendidas pela polícia de Rio Preto.
Os pedófilos digitais são encontrados em fóruns de debate e comunidades de pornografia infantil que ficam na deep web (uma área mais escondida, que não é acessada facilmente e com pouca regulamentação), mas, segundo Arid, para escapar da polícia, as comunidades em nada lembram páginas onde possa existir pornografia infantil.
Dentro destes grupos, os pedófilos aprendem como fazer e baixar os arquivos, a burlar o sistema de segurança e até como enganar a polícia. Para evitar a identificação, eles criam nicknames (nomes virtuais) sem ligação com eles.
“Os pedófilos também mudam a grafia dos termos sexuais. Trocam a letra C por K, colocam uma letra a mais, tudo para escapar da polícia. Um deles misturou o nome de um gato com o de uma ex-namorada, para tentar escapar”, conta o delegado.
A maioria dos pedófilos virtuais usa programas de torrent, utilizados para distribuir em massa vídeos e fotos entre computadores. Para não serem enquadrados no crime de compartilhamento, assim que baixam o arquivo os criminosos tiram o arquivo da pasta do torrent, para escondê-lo em outra pasta dentro do computador, sem qualquer relação com vídeos.
Porém, o esforço é inútil, porque os softwares policiais vasculham as imagens de pornografia infantil em qualquer pasta do equipamento. O desafio atual da polícia é desenvolver softwares capazes de encontrar os arquivos escondidos por criptografia.