sábado, 21 de setembro de 2024
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Polícia indicia médicas do Hospital de Base pela morte de Luana

A Polícia Civil indiciou as hematologistas Flávia Leite de Souza e Érika Rodrigues Pontes, a enfermeira Ana Carolina Costa Roma e auxiliar de enfermagem Mirela dos Santos Mesquista Pimenta pela…

A Polícia Civil indiciou as hematologistas Flávia Leite de Souza e Érika Rodrigues Pontes, a enfermeira Ana Carolina Costa Roma e auxiliar de enfermagem Mirela dos Santos Mesquista Pimenta pela morte da universitária Luana Neves Ribeiro, 21 anos.

A estudante morreu no último dia 4, no Hospital de Base de Rio Preto, quando se preparava para doar medula óssea para um portador de leucemia.

As médicas Flávia e Érika foram indiciadas por homicídio culposo (sem intenção) e as enfermeiras por omissão de socorro. O indiciamento das acusadas ocorreu entre a tarde de anteontem e a manhã de ontem, após o delegado João Lafayete Sanches Fernandes receber o laudo do Instituto Médico Legal (IML) confirmando que a morte da universitária foi decorrente de erro médico.

O laudo do IML e o delegado confirmaram que Luana foi vítima de uma sucessão de falhas. “Observou-se que houve uma sequência de falhas com relação à tentativa desse transplante. Desde o momento da colocação do cateter até o socorro prestado. E, em virtude desses vários erros de vários profissionais, a paciente morreu”, disse Lafayete.

O delegado concluiu que Flávia foi negligente e imprudente ao realizar a punção do cateter que causou múltiplas perfurações na veia subclávia da paciente, o que resultou na hemorragia do pulmão esquerdo e, consequente, choque hipovolêmico. Com relação à Érika, Lafayete entendeu que ela foi negligente e imprudente por ter feito um diagnóstico falho e inadequado. “Se ela tivesse feito um simples exame clínico, tivesse ouvido o pulmão teria percebido a presença de sangue, pois o laudo do SVO apontou que ela tinha 3,5 litros de sangue no pulmão do total de 4 litros que tinha no corpo. Se tivesse pedido um simples exame de sangue, teria diagnosticado a hemorragia pela queda da hemoglobina.”

Já a enfermeira Ana Carolina e a auxiliar Mirela foram indiciadas por omissão de socorro. Segundo o delegado, ao perceberem a gravidade do caso, elas deveriam ter encaminhado Luana para a Unidade de Emergência, onde havia médico 24 horas, em vez de deixá-la agonizando por mais de uma hora à espera de Érika.

“Deveriam ter feito isso com ou sem autorização da médica”, disse. Os peritos Manoel Carlos Libânio dos Santos e Mário Salles Cunha Júnior, responsáveis pelo laudo necroscópico, também são contundentes ao apontar a responsabilidade das enfermeiras no óbito de Luana. “Embora as profissionais de saúde não sejam médicas e não tenham formação técnica para diagnosticar a causa básica da emergência, reconheceram a gravidade dos sinais e sintomas e os descreveram em seus relatórios. Porém, mesmo diante das súplicas da vítima, que implorava por atendimento médico, optaram por não conduzi-la ao prontoatendimento e aguardaram 1 hora e 15 minutos a chegada da médica, contribuindo assim para o desenlace (da morte)”, afirmam os peritos no laudo que assinam.

Na opinião de Cirça Aparecida Neves de Oliveira, mãe de Luana, o indiciamento das médicas e das enfermeiras ainda é pouco. “Elas mataram a minha filha, isso é o mínimo que elas merecem. Erro existe em todas as profissões, mas o que aconteceu ali foi muito além disso. Muita falta de responsabilidade e de cuidado. A doutora Érika receitou o remédio, disse que em meia hora a dor ia passar e foi embora. Meia hora depois, a minha filha estava morta. Meu peito dói de saudade. Só Deus me mantém de pé.”

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