A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou hoje que já interrogou dois dos três investigados pelo crime ambiental de pichação da fachada do Pateo do Collegio, edifício que reproduz a escola jesuíta que é o marco zero da cidade de São Paulo. O prédio amanheceu pichado na última terça-feira (10). Foi escrito em letras vermelhas “olhai por nois” [sic].
Durante entrevista à imprensa realizada hoje (13), a Polícia Civil apresentou provas do crime e explicou como chegou aos investigados. “As investigações se iniciaram nas redes sociais, com a identificação de frases que levaram aos investigados”, disse o delegado Marcos Gallicasseb. Ele informou que os investigados já ouvidos são Isabella Tellerman Viana, de 24 anos e João Luís Prado Simões França, de 34 anos, conhecido pelo codinome M.I.A. numa alusão à Massive Illegal Arts (artes ilegais massivas).
O delegado informou que Isabella Tellerman Viana, que usa o codinome Risco, foi detida nesta quinta-feira (12) à tarde e ouvida na Delegacia de Crimes Ambientais, onde confessou sua participação na pichação. João Luís Prado Simões França foi detido e ouvido durante a noite e também confessou sua participação. “Além do Pateo do Collegio, nós esclarecemos diversos outros crimes que estavam sob investigação, como as pichações do Monumento às Bandeiras [zona sul, do muro do Estádio do Pacaembu [zona oeste], do Museu de Arte de São Paulo (Masp) [zona central], estátua do Borba Gato [zona sul] e outros”.
Após serem interrogados no inquérito policial que foi instaurado no dia do crime, eles foram liberados, já que se trata de crime ambiental. “Como é um crime de menor potencial ofensivo, e no caso específico, por se tratar de um monumento histórico, a pena é de seis meses a um ano. Como a autoria era desconhecida, houve a instauração do inquérito policial. Eles foram interrogados e ao final da investigação o inquérito policial será remetido ao Poder Judiciário”, esclareceu o delegado.
Durante o interrogatório, os investigados alegaram motivação ideológica para as pichações no Pateo do Collegio, Monumento às Bandeiras e Estátua do Borba Gato. Isabella confessa participação apenas no edifício no marco zero da capital paulista. Já Mia participou dos três, segundo Gallicasseb. “No Pateo do Collegio são três envolvidos, os dois interrogados e mais um que se encontra sob investigação. Nos demais crimes, o investigado Mia era o chefe. Os demais autores eram trocados de acordo com a ação criminosa”. O terceiro investigado já foi identificado mas ainda não foi localizado.
Segundo as investigações, as pichações eram fotografadas e o registro era vendido pela internet para galerias de artes. “Nós temos uma galeria de artes onde foram apreendidas as imagens da pichação no Pateo do Collegio, mas não vamos informar o nome para não atrapalhar as investigações”, disse Gallicasseb, que também não informou o valor dos produtos.
O delegado informou ainda que foi a própria investigada, Isabella Tellerman Viana, que fez a imagem. “Ela confessa sua participação nisso: ela fez a imagem, colocou no Facebook com uma narrativa com o que aconteceu na noite”.
A polícia também analisa materiais capturados em um um ateliê que era usado por Isabella. “Arrecadamos uma grande quantidade de material que nós ainda estamos analisando. Acredito que há inúmeros delitos que serão esclarecidos, porque eles faziam uma gravação da atividade criminosa dos últimos cinco anos”.
Foram encontradas no ateliê máscaras, tintas e pastas com as fotos das pichações, além de extintores, que fazem uma pressão de nitrogênio com tinta, o que, segundo o delegado, “gera um grande dano em curto espaço de tempo”. “Eles utilizaram este tipo de pichação no Pateo do Collegio, no Monumento às Bandeiras, no muro do Estádio do Pacaembu e no Fórum do Butantã [zona oeste]”.