sábado, 23 de novembro de 2024
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Polícia confirma morte de advogado votuporanguense

Cinco pessoas envolvidas no desaparecimento e morte de dois fazendeiros, um advogado e um vaqueiro, todos assassinados em maio de 2016 em Planalto da Serra, a 254 km de Cuiabá,…

Cinco pessoas envolvidas no desaparecimento e morte de dois fazendeiros, um advogado e um vaqueiro, todos assassinados em maio de 2016 em Planalto da Serra, a 254 km de Cuiabá, foram indiciadas pela Polícia Civil.

Os crimes, segundo apontou a investigação, foram motivados por uma disputa de terras que pertenciam aos fazendeiros mortos. O inquérito foi encaminhado à Justiça e os detalhes da investigação foram divulgados ontem (9).

Segundo a Polícia Civil, pelos quatro homicídios, foram indiciados os seguintes suspeitos: Mário da Silva Neto e Thiago Augusto Falcão de Oliveira, que estão presos preventivamente desde a investigação.

Além dos assassinatos, eles vão responder ainda por subtração de bens e veículos pertencentes às vítimas, ocultação e destruição de cadáver, falsificação de documentos e associação criminosa. Os dois últimos crimes também foram atribuídos a Rodinei Nunes Frazão, de 48 anos, Evangelista Matias Sales e João Edgar da Gama.

Os crimes

Os suspeitos estão envolvidos na história que levou ao assassinato dos fazendeiros Tirço Bueno Prado, de 72 anos e o filho, Joneslei Bueno Prado, de 43 anos, em 9 de maio de 2016. As vítimas eram moradoras de Apucarana (PR) e adquiriram uma propriedade rural no município de Planalto da Serra, denominada Fazenda Sapopema. No local, pai e filho foram mortos depois de anunciarem a venda ou arrendamento da propriedade.

O terceiro assassinato é do vaqueiro Claudinei Pinto Maciel, de 29 anos, ocorrido no dia 13 de maio de 2016, quando ele foi à fazenda das vítimas Prado, para tentar achar uma vaca que tinha fugido da área vizinha da fazenda Sapopema. O vaqueiro foi surpreendido e morto por um dos homens que haviam tomando posse da fazenda.

A quarta vítima é o advogado votuporanguense Sílvio Ricardo Viana Moro, que foi morto no dia 18 de maio do mesmo ano. O corpo foi localizado, decapitado, no dia 19 de julho na Estrada do Lago do Manso, nas proximidades da comunidade Bom Jardim, em Chapada dos Guimarães, a 65 km da capital. Ele foi assassinado por tomar conhecimento das mortes e não concordar com os planos dos criminosos em forjar o contrato de arrendamento da fazenda da família Prado.

Pai e filho residiam sozinhos no imóvel rural, localizado em uma região isolada, sem sinal para comunicação via telefone. A atividade econômica da propriedade era a pecuária e a renda obtida por meio de venda de gado.

O crime ocorreu em duas etapas: no primeiro momento, a organização criminosa grilou a fazenda de valor elevado, simulando o contrato de compra ou arrendamento. Mas os criminosos acabaram por assassinar os proprietários que estavam na terra.

Em meados de 2015, as vítimas, diante das dificuldades financeiras, decidiram que vender a fazenda ou mesmo arrendar a propriedade. Elas anunciaram a venda ou arrendamento do imóvel rural, ocasião em que conheceram o estelionatário Rodinei Nunes Frazão e o advogado Sílvio Ricardo Viana Moro, ambos residentes em Campo Verde, a 139 km da capital.

Os dois agiam como corretores informais e se colocaram à disposição de pai e filho para oferecer a propriedade e auxiliar no processo de regularização da documentação da fazenda, que ainda não estava escriturada.

Em 2016, Rodinei e Sílvio passaram a realizar negócios de corretagem e se tornaram amigos de Mário da Silva Neto, que morava em Rondonópolis. Mário Neto é considerado uma pessoa de alta periculosidade, suspeito da prática de vários homicídios nas regiões de Nobres e Rondonópolis. Ele também é envolvido em grilagem de terras.

Grilar a fazenda da família Prado foi plano elaborado pelo estelionatário Rodinei e Mário Neto. Eles iriam propor o arrendamento da propriedade e quando estivessem na posse da área, não mais fariam o pagamento.

Morte dos fazendeiros

Assim, no dia 09 de maio de 2016, Rodinei levou Mário Neto até a fazenda Sapopema e o apresentou ao fazendeiro Tirço Prado como interessado na propriedade. Neto começou a discutir com Prado e o filho os termos da proposta de arrendamento.

Em meio à discussão, o fazendeiro Tirço Prado deixou claro que não sairia da propriedade, que arrendaria a área, mas continuaria residindo no local. Isso não foi aceito por Neto que, diante da insistência do fazendeiro, de forma inesperada, sacou um revólver e fez dois disparos, atingindo Tirço Prado e Joneslei Prado, na cabeça.

Após os homicídios, Neto determinou que os corpos fossem destruídos. Neto e Rodinei, usando combustível, acenderam uma grande fogueira, deixando os corpos queimando no local. Em seguida, furtaram uma caminhonete Hilux das vítimas.

Na manhã seguinte, os dois suspeitos retornaram ao local do crime para realizar a ‘limpeza’ dos restos mortais. Também estavam presentes neste dia Thiago Augusto Falcão, comparsa de Mário Neto, também suspeito de vários homicídios.

Os três, Mário Neto, Rodinei e Thiago, juntaram os ossos e os poucos restos mortais que resultaram da fogueira, colocaram em um saco e jogaram no Rio Mata Grande, nas proximidades da fazenda.

Com a eliminação dos donos da Fazenda Sapopema, os três criminosos tomaram posse da propriedade e todo o patrimônio ali existente, entre eles 70 cabeças de gado e o maquinário agrícola. Eles forjaram um contrato de arrendamento, como se o fazendeiro Tirço Prado realmente tivesse arrendado a propriedade a eles.

Nesse processo, o advogado Sílvio Ricardo Viana Moro foi chamado pelos criminosos para que, diante de alguma necessidade, os representassem.

Morte do Vaqueiro

No dia 13 de maio de 2016, Thiago Falcão, comparsa de Neto, foi até a fazenda para dar início ao recolhimento do gado. Por volta das 16h30, foi surpreendido pelo vaqueiro, Claudinei Pinto Maciel, de 29 anos.

O vaqueiro era morador de um sítio vizinho e havia ido até a fazenda na tentativa de encontrar uma vaca que estava perdida. Ele não sabia das mortes ocorridas na propriedade. A investigação apontou que o homicídio se deu porque estava no ‘lugar errado, na hora errada’.

Ao se deparar com o vaqueiro, Thiago sacou uma arma e efetuou um disparo contra o vaqueiro. A vítima caiu em frente à cerca de acesso à sede da Fazenda. Seguindo o mesmo método utilizado na eliminação dos corpos das vítimas anteriores, Thiago fez uma grande fogueira e o corpo do vaqueiro foi carbonizado.

Na madrugada seguinte, 14 de maio de 2016, os restos mortais de Claudinei foram encontrados pelos familiares, residentes nas proximidades.

Morte do advogado

Ao tomar conhecimento das mortes ocorridas na fazenda e do plano dos autores, o advogado Silvio Ricardo Viana Moro não concordou e advertiu que tudo acabaria sendo descoberto pela polícia.

Pelo fato de não confiarem mais no advogado, Mário Neto e Thiago, em 18 de maio de 2016, convidaram Sílvio para irem de Campo Verde até a região de Bom Jardim, em Nobres. Na Estrada do Manso, próximo a Bom Jardim, assassinaram o advogado. O corpo foi deixado no mato e foi encontrado dois meses depois, no dia 19 de julho de 2016. A vítima foi decapitada.

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