A Polícia Civil vai instaurar um inquérito para investigar os casos de intoxicação e morte de macacos em São José do Rio Preto (SP). Os trabalhos terão à frente o delegado João Laffayete Sanches, do 1º Distrito Policial.
O delegado aguarda o laudo dos exames feitos nos órgãos dos animais para poder conduzir melhor a investigação.
“O objetivo é identificar se essas mortes foram criminais e a motivação, além de informar a população sobre o crime de maus-tratos, principalmente em torno da nova varíola, onde a transmissão acontece somente entre humanos. Se for criminoso, o autor será indiciado por maus-tratos contra animais. A pena varia de três meses a um ano, mas se ocorreu a morte, a pena é aumentada e tem a aplicação de multa no valor de R$ 4 mil a R$ 5 mil”, explicou Sanches.
Já são 11 animais resgatados com sinais de intoxicação e maus-tratos na cidade, de acordo com a Prefeitura. Destes, apenas três sobreviveram e recebem tratamento no Zoológico Municipal.
Os últimos macacos acolhidos chegaram na instituição na última segunda-feira (8). Foram três saguis com ferimentos indicativos de maus-tratos, trazidos pela Polícia Ambiental. Dois não resistiram e chegaram sem vida. O terceiro recebeu atendimento, mas morreu na madrugada de ontem (9).
Ainda de acordo com a Prefeitura, os animais foram encontrados em uma associação residencial perto da Estância do Pica-Pau Amarelo, às margens da rodovia Assis Chateaubriand. Não há suspeita de que eles tenham sido intoxicados, como nos casos registrados na última semana.
A Polícia Ambiental acredita que os atentados sejam criminosos e tenham como motivação o preconceito e a falta de informação em relação a nova varíola, além de tráfico de animais.
A Coordenadora em Vigilância em Saúde de Rio Preto, Andreia Negri, ressalta para a população que o vírus Monkeypox é transmitido de pessoa para pessoa. A doença é chamada “varíola dos macacos” porque se origina na descoberta inicial do vírus em macacos em 1958.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cão-da-pradaria. Desta forma, o nome “varíola dos macacos” diz respeito somente à primeira identificação e não a transmissão atual que é entre humanos somente.
“Hoje essa transmissão da doença não se dá entre macacos para humanos, mas em humanos. É uma transmissão que acontece de pessoa para pessoa, por contato íntimo, muito próximo, contato sexual e contato com as lesões. Ou seja, o macaco não está envolvido nessa cadeia de contaminação. Então, pedimos que a população não faça nada contra esses animais. Eles estão na natureza, em seu habitat natural e não são os transmissores da doença”, ressaltou.
Casos recentes de macacos intoxicados em Rio Preto
– 4 macacos-prego, da Mata dos Macacos. Um filhote foi encontrado morto no local. Três foram levados ao zoológico (dois no dia 3/8 e um em 4/8) e estão estáveis.
– 4 saguis-de-tufos-pretos, provenientes do Parque Ecológico Sul, dois na quarta (3) e dois na quinta-feira (4). Nenhum deles resistiu.
Casos recentes de macacos vítimas de agressão
– 3 saguis provenientes de uma associação residencial às margens da rodovia Assis Chateaubriand. Nenhum deles resistiu.