O material encontrado na casa dos pais de Fernando de Carvalho Lopes, ex-técnico da seleção brasileira de ginástica artística investigado por abuso sexual, continua sendo analisado pela Delegacia da Mulher, da Criança e do Adolescente de São Bernardo do Campo (SP).
Não havia nenhuma identificação em CDs, DVDs, pen drives, HD externo e fita cassete recolhidos pela Polícia Civil na busca realizada na última sexta-feira à tarde.
Segundo relatos de algumas das mais de 20 pessoas que já prestaram depoimento no processo desde o seu início, em 2016, o treinador fazia fotos e vídeos de crianças nuas. Um dos depoentes contou que Fernando tinha um armário onde armazenava esse material e o identificava em etiquetas.
A reportagem apurou que, preliminarmente, também não foi identificado no conteúdo apreendido nenhuma imagem ou vídeo que incriminassem o ex-treinador. Em batidas policiais como esta, os agentes acessam parte do material imediatamente, no local da busca. Caso já haja algo incriminatório, a pessoa é presa em flagrante.
Tudo o que foi levado da casa vem passando por perícia, quando são checados um a um os dados armazenados. Se houver algo pertinente ao inquérito, é feita a formalização e inclusão como prova do suposto crime.
Durante a ação, que durou pouco mais de uma hora, o ex-treinador permaneceu calmo, segundo relatou à reportagem uma pessoa que participou da operação. Ele só se mostrou incomodado com a presença de jornalistas em frente à residência dos pais, localizada em São Bernardo. Atualmente, Fernando está morando no local. Ele é casado e pai de dois filhos menores de idade.
A polícia fez buscas por toda a casa, principalmente no quarto dele. Não houve qualquer conflito com os familiares presentes. Segundo esta mesma fonte consultada, “eles entenderam, não foram agressivos e tiveram um comportamento bastante cordial”.
Ao todo, 40 ginastas e ex-ginastas afirmaram que foram vítimas de abusos sexuais praticados por Fernando entre 1999 e 2016, quando ele era técnico do Mesc, o Movimento de Expansão Social Católica, clube particular de São Bernardo – do qual foi afastado de todas as funções na semana passada, após a denúncia vir à tona.
PRÓXIMOS PASSOS – A delegada responsável pelo caso, Teresa Alves de Mesquita Gurian, segue colhendo depoimentos. O processo está no Fórum de São Bernardo. A partir do momento em que tiver a documentação em mãos, ela terá 30 dias para concluir o inquérito mas o prazo pode ser prorrogado por mais um mês se ela julgar necessário. Espera-se que o ex-treinador de ginástica seja a última pessoa escutada, até o fim da próxima semana. A agenda das oitivas não vem sendo divulgada pela polícia, já que o caso corre em segredo de Justiça.