A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar as causas da morte do estudante Victor Hugo Santos, de 20 anos. Para a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a delegada Elizabeth Ferreira Sato, aparentemente não há sinais de afogamento, mas essa hipótese não esta descartada.
O jovem estava desaparecido desde sábado, quando participou de uma festa no câmpus Butantã da Universidade de São Paulo. O corpo foi encontrado nesta terça-feira, 23, na raia olímpica da USP.
O laudo de exame necroscópico no corpo do jovem Victor Hugo Santos deverá fornecer informações cruciais para a investigação conduzida pela Polícia Civil sobre o caso. O exame do Instituto de Medicina Legal (IML) é realizado antes da liberação do corpo para velório e sepultamento.
São esperadas para esta quarta-feira, 24, as primeiras informações que poderão nortear melhor o inquérito aberto pelo DHPP, da Polícia Civil paulista.
As informações a serem fornecidas pelos médicos legistas apontarão, por exemplo, se o jovem morreu em decorrência de afogamento ou já se encontrava sem vida quando foi levado à raia olímpica. O laudo também estipulará há quanto tempo Santos havia morrido.
A polícia também solicitou a realização de exames toxicológico, que irá averiguar a presença de substâncias entorpecentes na corrente sanguínea do jovem, e sub-ungueal, que coleta e identifica materiais encontrados embaixo das unhas da vítima. Esses procedimentos devem levar mais tempo e tem prazo esperado de um mês para serem entregues.
Um outro exame completa as solicitações iniciais solicitadas pela investigação. Peritos do DHPP encontraram gotas de sangue nas arquibancadas do velódromo que sediou a festa na universidade. O exame cruzará os DNAs da família, cujos membros tiveram sangue coletado, com o que foi encontrado e poderá esclarecer as circunstâncias da ocorrência.
De forma preliminar, a diretora do DHPP, delegada Elizabete Ferreira Sato, relatou que a vítima não possuía aparentes sinais de afogamento. A hipótese, no entanto, não foi descartada. Ao analisar o corpo do jovem na manhã desta terça, os investigadores constataram apenas dois ferimentos: um hematoma no olho direito e uma escoriação no lábio. A polícia descartou que esses ferimentos tenham sido a razão da morte do garoto.
O DHPP havia aberto um procedimento de investigação de desaparecidos e, antes da localização do jovem, havia colhido o depoimento de oito pessoas. Três delas eram familiares e cinco, amigos. O objetivo da polícia é traçar o perfil de Santos para apurar o que pode ter levado à sua morte.
“O que podemos perceber até agora é que ele tinha um comportamento normal”, disse Sato. Foi relatado também uma suspeita de uso de drogas por Victor, mas não há detalhes sobre qual teria sido a substância utilizada e a quantidade. O DHPP informou que continuará colhendo depoimentos do caso.
Outra possibilidade que deve ser investigada pela polícia é o envolvimento da equipe de seguranças que trabalhavam no evento. A empresa que prestava serviço deve ser convocada a fornecer informações sobre a sua atuação após testemunhas relatarem pela rede social Facebook terem visto seguranças expulsarem um rapaz com características similares à de Victor da festa. A empresa nega que tenha havido registro de qualquer briga no interior do evento e se pôs à disposição da polícia.
Raia. O corpo de Victor Hugo foi encontrado por volta das 7h desta terça no interior da raia olímpica da USP. Atletas de remo que treinavam no local visualizaram o corpo e acionaram a direção do local, que chamou a polícia.
A vítima estava com a mesma camisa preta com detalhes amarelos que usava na noite da festa. O evento foi sediado no velódromo da universidade, localizado a menos de 100 metros da raia olímpica. A raia de 2,5 mil metros de extensão por 100 de largura e 2,5m de profundidade tem acesso restrito em quatro portões. A entrada somente é permitida mediante apresentação de carteirinha.
O diretor técnico do Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) e professor de remo, José Carlos Simon Farah, foi um dos primeiros a chegar ao local onde o corpo foi encontrado. Ele encarou com estranheza a possibilidade de que o jovem tenha morrido após entrar por conta própria na área. “O acesso é restrito. Só entra com carteirinha. Vou saber se pulou? Estou aqui há 40 anos e nunca vi ninguém pular, cair na água e morrer”, disse Simon.
A opinião de Farah foi compartilhada pela delegada Sato. “O que causa estranheza também a todos nós é que as informações dizem que o local é cercado, tem segurança, para entrar tem que ter chave. Como esse corpo foi parar lá dentro?”, indagou. A raia não possui contato com córregos, canais ou rio próximos.
O sepultamento do estudante de design gráfico deverá ocorrer no município de Jandira, a 40 quilômetros da capital nesta quarta-feira.