domingo, 24 de novembro de 2024
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Pobreza social bate recorde e atinge 64,6 milhões durante pandemia

A pobreza social no Brasil bateu recorde durante a pandemia de Covid-19, atingindo 64,6 milhões de pessoas em 2021. É o que mostra um estudo publicado por pesquisadores da Pontifícia…

A pobreza social no Brasil bateu recorde durante a pandemia de Covid-19, atingindo 64,6 milhões de pessoas em 2021. É o que mostra um estudo publicado por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Entre 2020 e 2021, 11,7 milhões de brasileiros entraram em situação de pobreza social, elevando a 30,4% o percentual de pessoas nessa condição – a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012.

O estudo do Laboratório de desigualdades, pobreza e mercado de trabalho da universidade analisou as dimensões absoluta e relativa da pobreza, considerando linhas de medição do Banco Mundial. Os dados foram baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE.

Marcas da desigualdade
De acordo com a pesquisa, os grupos mais atingidos pelo aumento da pobreza social foram os negros e moradores das regiões Norte e Nordeste.

Entre os brancos, a taxa de pobreza social era de 19,4% em 2021, enquanto o percentual entre os pretos, pardos e indígenas chegou a 38,9%.

No Nordeste do país, a taxa de pessoas abaixo da linha da pobreza era de 36,4%. O Norte era a segunda região com maior concentração de pessoas nessa situação, com 33,9% da população. Em seguida, estavam Sudeste (29%), Centro-Oeste (28,4%) e a região Sul (24%).

“O Brasil é um país em que as desigualdades são marcadas por disparidades não apenas funcionais ou educacionais, mas também regionais e de raça, o que torna o fenômeno ainda mais complexo para ser enfrentado”, afirma Ely Mattos, coordenador do PUCRS Data Social.

O estudo também mostrou que o percentual de mulheres em situação de pobreza social foi superior ao de homens entre 2012 e 2021, com exceção de 2018, quando ficou 0,07 pontos percentuais abaixo. Em geral, no entanto, a diferença é relativamente pequena.

“Isso acontece porque o cálculo das taxas de pobreza é feito com base na renda da família onde os indivíduos estão inseridos. Dessa forma, se a família é considerada pobre de acordo com determinado critério, todos os seus membros serão assim classificados, independentemente de seu sexo”, diz o estudo.

“Mesmo assim, a taxa de pobreza tende a ser ligeiramente maior para as mulheres. Em 2021, por exemplo, enquanto 31,2% das mulheres se encontravam em situação de pobreza social, entre os homens essa cifra era de 29,6%.”
Entenda o cálculo
Para o cálculo da linha de pobreza, foi considerada a renda domiciliar per capita, incluindo os rendimentos de trabalho formal ou informal, além de fontes como seguro-desemprego, aposentadorias e programas de transferência de renda.

“Todos abaixo da linha de extrema pobreza (R$ 182 per capita, a preços de 2021) são automaticamente considerados em situação de pobreza social”, explica o documento.

Além disso, o relatório combinou os conceitos de pobreza absoluta e relativa, considerando os valores de média nacional, em 2021:

Linha de Pobreza Social: R$ 502,07;
Linha de Pobreza Extrema: R$ 182,82;
Linha de Pobreza Absoluta: R$ 582,47;
Linha de Pobreza Relativa: R$ 404,29.

O estudo também levou em conta as diferenças regionais. Em São Paulo, por exemplo, foram consideradas pessoas em linha de pobreza social aquelas que tinham renda per capita de R$ 647,79 em 2021. No Maranhão, por outro lado, o valor considerado foi de R$ 297,79.

Com isso, a estimativa é que em São Paulo a taxa de pobreza atingia 12,7 milhões de pessoas em 2021, ou 27,3% da população. No Maranhão, a taxa ficou 10 pontos percentuais acima, atingindo 37,3%.

“Isso acontece porque a medida que utilizamos considera em situação de pobreza não apenas aqueles com renda abaixo de um valor definido, mas também aqueles cujo poder de consumo está muito abaixo do morador mediano de determinada região em um dado período. Nesse sentido, é uma taxa de pobreza social, que leva em conta também as desigualdades”, diz.

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