Na primeira fase da reconstituição da morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, o delegado titular da Delegacia de Homicídios, Rivaldo Barbosa, e a equipe de peritos ouviram testemunhas no local onde o crime ocorreu em 2 de abril, na localidade do Areal. As informações foram repassadas pelo porta-voz da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, major Marcelo Corbage. A área onde a Polícia Civil atua está isolada.
Por volta de 16h15, pelo menos 11 policiais militares encapuzados subiram os becos que dão acesso à casa dos pais de Eduardo, onde a Polícia Civil realiza reconstituição da morte do menino. De acordo com o delegado Rivaldo Barbosa, a ideia é que, às 17h30, esses PMs, integrantes da ação durante a qual o menino foi assassinado, participem da reprodução simulada sob as mesmas condições de iluminação e temperatura encontradas no exato momento em que Eduardo morreu.
Até 16h30, pelo menos a mãe, Terezinha Maria de Jesus, e uma das irmãs do menino já haviam sido ouvidas. Segundo Barbosa, o trabalho dos peritos não tem previsão de término. “Nós vamos esperar o laudo dos peritos e eles têm de 15 a 45 dias para nos dar esse laudo”, informou. Ao todo, de 9 a 10 pessoas serão ouvidas, disse o delegado.
“Nesse momento, o importante é ver o visual que os policiais militares tinham, porque eles alegam não ter visto o menino”, afirmou Homero das Neves Freitas Filho, promotor de Justiça da 23ª Promotoria de Investigação Policial (PIP). O promotor garantiu que o ângulo do projétil vai ser refeito.
De acordo com Corbage, a reconstituição deve terminar por volta de 20h. Outras duas reproduções simuladas ocorrem simultaneamente no Complexo do Alemão: a de Elizabeth de Moura Francisco, de 40 anos, e a do ex-comandante da UPP de Nova Brasília Uanderson Manoel da Silva, de 34 anos.
Rivaldo Barbosa afirmou, pouco antes de deixar a Coordenadoria de Polícia Pacificadora e se dirigir para a reprodução simulada do menino Eduardo, que vão participar das três reproduções simuladas 120 policiais e oito delegados, além de peritos criminais. O Ministério Público, a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e a Polícia Militar também integram a ação.
“Não passaremos a mão na cabeça de ninguém”, disse Barbosa. Segundo ele, não há “preocupação” da Polícia Civil com a situação de violência do complexo. “A comunidade tem nos aceitado.”
A Corregedoria da Polícia Militar apresentou os 22 policiais militares envolvidos nos três inquéritos. “A sociedade merece essa resposta. A verdade vai ser estabelecida no tempo certo, da forma técnica, e a justiça vai ser feita”, afirmou o corregedor da PM, coronel Victor Yunes.