Acompanhados de um advogado, três policiais militares de Rio Preto, sendo um major, registraram boletim de ocorrência nesta quinta-feira, 9, contra a revista Veja, pelos crimes de calúnia, difamação e divulgação de notícia falsa.
O motivo foi uma foto utilizada pelo veículo de imprensa para ilustrar um artigo, assinado pelo jornalista Matheus Leitão, acerca do apoio de policiais militares ao presidente Jair Messias Bolsonaro, especialmente nas manifestações do dia 7 de setembro.
Publicado na véspera dos protestos, o conteúdo intitulado “O Horror das Polícias Militares no 7 de Setembro” trata do perigo do aliciamento de militares para a manutenção da democracia.
Embora a legenda da foto, que mostra claramente o rosto de 12 pms, esclareça que o registro foi feito durante a campanha presidencial de 2018, na visão dos agentes expostos, o contexto em que a imagem foi inserida atacou a honra da equipe.
Para o major, que é coordenador operacional de um batalhão da região, a revista “vincula a sua imagem a um comportamento totalmente perigoso e contrário às normas e regimento estabelecidos por lei”.
A preocupação do oficial, ainda de acordo com o documento, é de que ele seja responsabilizado injustamente pelo crime de prevaricação.
Sobre a foto, esclareceu à Polícia Civil que foi registrada a pedido do próprio candidato a presidente, no Hospital de Base, e que não foi publicada em suas redes sociais pessoais.
A inquietação é legítima. No início deste mês, o governador do estado de São Paulo, João Dória, ameaçou punir pms que se posicionassem politicamente ou participassem de atos antidemocráticos. Nesse diapasão, o coronel Aleksander Lacerda foi afastado do comando do CPI-7, em Sorocaba, após utilizar suas redes sociais para convocar militares para os protestos e atacar o STF.
Para o jornalista que assina o artigo, o insistente interesse de Bolsonaro em conquistar o apoio da polícia militar “é um perigo para o país porque os policiais são profissionais armados pelo Estado para defender a população. O papel da categoria não é intimidar a população e as instituições, como querem os aliados de Bolsonaro”.
No entendimento dos policiais expostos, o artigo é “uma verdadeira demonstração de que a revista Veja incita a população contra a instituição da Policia Militar”.
Figuram como vítimas no documento o major, um sargento e um cabo.
A reportagem entrou em contato com a revista Veja por e-mail e aguarda posicionamento sobre a queixa.
O caso será investigado pelo 1º Distrito Policial.