A Polícia Militar encaminhou nesta segunda-feira ofício para o Ministério Público desaconselhando a realização do clássico entre Corinthians e São Paulo, em Itaquera, no domingo), às 19h, pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro. O motivo é a partida entre Santos e Internacional, na Vila Belmiro, às 16h, na mesma data.
A PM entende que há risco de confronto entre corintianos e santistas na Zona Leste da capital. A sede da Torcida Jovem, principal organizada santista, fica na mesma região que a Arena Corinthians. “Estamos preocupados com a possibilidade de confronto nas estações de transporte público e por isso fizemos a recomendação”, informou o Major Ricardo Xavier, responsável pela segurança nos estádios.
Originalmente, o clássico entre Corinthians e São Paulo seria disputado no sábado. Mas o sorteio da segunda fase da Copa Sul-Americana, realizado na última semana, definiu que a equipe alvinegra jogará nesta quinta-feira contra o Deportivo Lara em Itaquera. Sem tempo hábil para descansar seus atletas, o clube do Parque São Jorge pediu e a CBF acatou a mudança da data para domingo.
O Ministério Público informou que analisará o pedido da PM e espera até terça-feira para definir o assunto. “É uma questão interessante. Temos de entrar em contato também com a CBF e tentar encontrar uma solução”, afirmou o promotor Pedro Eduardo Camargo Elias, que substitui interinamente o promotor Paulo Castilho, promovido na última semana a procurador de Justiça Criminal do Estado.
O promotor lembrou que no Campeonato Paulista deste ano houve mudança semelhante. Pela terceira rodada, a tabela previa o jogo do Palmeiras contra o São Caetano, no ABC, e o clássico entre Santos e São Paulo, no Pacaembu. As duas partidas seriam realizadas no domingo (27 de janeiro), às 17h. A entidade decidiu adiar o jogo do Palmeiras para 19h, no Anacleto Campanella.
CBF descarta jogo de manhã
O Major sugeriu inicialmente que a partida do Santos acontecesse pela manhã. “Assim haveria maior espaço entre os deslocamentos dos torcedores. Mas a CBF não tem intenção de mudar esse horário”, disse.
Diante desse impasse, o responsável da PM pela segurança nos estádios deixou a decisão nas mãos do MP. “É um problema para eles resolverem. Informamos que haverá transtornos e prejuízo”, comentou. O Major explicou que o efetivo que fará a segurança próxima ao estádio não sofrerá modificação. No entanto, os Batalhões de Área terão de ser alterados.
“Temos outras demandas de segurança. Vou ter de tirar gente do policiamento das ruas para garantir segurança de deslocamento de torcedor. Vale lembrar que a segurança pública é responsabilidade de todos”, comentou.
O Major também lembrou que além de monitorar torcedores de Santos e Corinthians também estará de olho nos são-paulinos. Na manhã que antecedeu ao jogo da final do Campeonato Paulista entre Corinthians e São Paulo, no Morumbi, torcedores das duas equipes brigaram em Ferraz de Vasconcelos, município que fica a 40 quilômetros do estádio.
“Por ser torcida única, a imediação do estádio é o que menos preocupa. Temos que reforçar as estações de trem e metrô e também monitorar possíveis combinações de briga”, afirmou. Até o início desta manhã, o Major informou não ter registrado qualquer possível combinação de confronto.
Torcidas organizadas
A Associação das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg) ainda não havia sido comunicada sobre a decisão da Polícia Militar. O advogado da entidade, Renan Bohus, informou que as diretorias de Corinthians, São Paulo e Santos devem conversar durante a semana a fim de evitar qualquer tipo de confronto.
“Com certeza o intuito é zelar sempre pela paz. Importante ressaltar também que a segurança cabe ao Estado. Por parte das diretorias das torcida não haverá encontro. Ninguém vai organizar briga, porque isso não faz parte de torcida organizada”, disse.
Histórico
Nos últimos anos as autoridades apertaram a fiscalização em páginas da internet e redes sociais para monitorarem possíveis combinações de briga. O temor agora é que o WhatsApp seja agora a plataforma mais procurada pelos torcedores para conseguirem se organizar para os conflitos, sem que as confusões sejam descobertas pelas autoridades com antecedência.
Em outros casos recentes, as brigas entre torcedores também foram realizadas longe dos estádios. Em abril de 2016, a morte que causou comoção das autoridades para adotar o início da torcida única veio após confusão em São Miguel Paulista, na Zona Leste, distante a cerca de 25 km do Pacaembu, local da partida. No ano passado, em março, um torcedor morreu em Itaquaquecetuba, distante a 25 km também do próprio Pacaembu.