A cada nova edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os resultados da prova de redação decepcionam. Na última edição, 8,5% dos 6,2 milhões de alunos zeraram na parte subjetiva da prova. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira Inep), isso aconteceu porque os alunos deixaram de atender ou infringiram os critérios de correção, problemas que seriam facilmente resolvidos com maior prática e correção que ajude no desenvolvimento do aluno. É isso que a plataforma Imaginie busca resolver.
Por meio de um aplicativo instalado no smartphone, o aluno bate uma foto de seu texto e consegue enviá-la para correção, mediante o uso de créditos adquiridos pela escola. Do outro lado, dois corretores leem o texto (um terceiro entra em ação em caso de notas muito distintas), fazem anotações e enviam devolutiva em até três dias. Além disso, são disponibilizados relatórios de desempenho e ranking que compara o resultado individual com relação a outros alunos da cidade, do estado, ou do país todo.
Menos trabalho para a escola
“A redação causa muita dor para as escolas por causa do trabalho de correção, que exige corretor individual. Isso é caro, exige treino e monitoramento”, diz Daniel Machado, CEO da Imaginie, que atuou como gestor escolar durante 10 anos antes de criar o aplicativo.
Segundo ele, diferentemente da parte objetiva, que já conta com aplicativos baseados em algoritmos, a prova discursiva depende da infraestrutura e da carga de trabalho do professor, que nem sempre consegue dar uma resposta significativa para o aluno diante da avalanche de textos. Ao estabelecer um relacionamento mais próximo entre o corretor e o estudante, a Imaginie tenta fechar essa lacuna e estimular o aluno a escrever cada vez mais.
Com experiência de quem esteve à frente de uma rede de escolas de Belo Horizonte que obteve o primeiro e quinto melhores desempenhos na redação do Enem em 2014, Machado diz que a receita é fazer com que os estudantes pratiquem. “Em média, o aluno tem melhorado 220 pontos após 10 redações e quanto maior é a frequência, melhor é o resultado”, diz.
Trabalho do corretor
A Imaginie tem cerca de 1.500 corretores cadastrados, sendo que 180 deles participam da análise de textos entre duas e três vezes por semana e 50 têm uma assiduidade diária. “Os professores passam por um treinamento, recebem certificação e a gente continua monitorando, porque preciso saber o motivo da discrepância de notas caso precisar acionar para um terceiro corretor”, diz Machado. Atualmente, esse terceiro profissional entra em cena em 20% dos casos.
Os corretores são remunerados com parte dos créditos pagos por estudantes individuais ou por escolas. Um crédito custa R$ 9,90 e um pacote de 10 sai por R$ 69,90, mas redes de escolas compram milhares para usar ao longo do ano.
Ao intermediar o contato de uma rede cada vez maior de estudantes por meio do conceito conhecido como crowdsourcing, a Imaginie tem criado novas oportunidades para profissionais aposentados ou recém-formados, que constituem a maior fatia dos cadastrados.
“Tenho caso de professor que está deixando a rede estadual para ficar em casa cuidando dos filhos e corrigindo redações no horário e na frequência que quiser”, conta o CEO da Imaginie.