O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem a redução das pistas principal e auxiliar do Aeroporto de Congonhas para pousos e decolagens, a partir das 6 horas de amanhã. A pista principal, que é de 1.940 metros, passará a ter 1.640 metros, ou seja, 150 metros em cada uma das cabeceiras serão transformados em áreas de escape. No caso da pista secundária, que hoje tem 1.435 metros, e passará para 1.195, a área de escape em cada lado será de 120 metros. Jobim disse que estudo semelhante vem sendo feito para todos os aeroportos do País.
Com isso, as companhias aéreas terão de se adaptar às novas regras, reduzindo o peso de aeronaves. Em dias de chuva, até que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) libere a pista principal de Congonhas, os pousos e decolagens continuam proibidos. A redução de peso pode ser feita diminuindo o número de passageiros, de bagagens e até mesmo o combustível. O limite de peso para cada modelo estava sendo calculado ontem por técnicos da Agência Nacional de Aviação (Anac) e devem ser divulgados hoje.
Jobim garantiu que já informou as duas principais companhias aéreas, a Gol e a TAM. ””Elas aceitaram sem problemas. Não houve protesto””, declarou. À noite, a TAM informou que as mudanças não devem afetar muito suas operações em Congonhas, uma vez que seus grandes aviões ainda usarão a pista principal. A Gol e o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) não se pronunciaram sobre o caso.
A decisão faz parte de mais um round da queda-de-braço do ministério com as companhias aéreas e a Anac. Segundo apurou o Estado, a agência foi consultada desde a semana passada, mas resistia à proposta. A idéia já havia sido apresentada pela Aeronáutica e estava em estudos na Defesa.
O ministério não quis informar que aviões ficariam inviabilizados de pousar em Congonhas com as novas regras. Mas técnicos do setor avaliam que, na pista auxiliar, está inviabilizado qualquer pouso de aeronaves de grande porte como A-320 ou A-319, usados pela TAM, e Boeings 737-800, usados pela Gol. No caso da pista principal, as companhias terão de reduzir o peso dos aviões e promoverem uma readequação das aeronaves, com diminuição no número de passageiros. Dessa forma, Jobim conseguiria outro de seus objetivos: aumentar o espaço entre as poltronas.