segunda, 18 de novembro de 2024
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Pfizer contraria Doria e diz que vai negociar com governo federal

Em resposta a um ofício enviado pelo governo de São Paulo, a farmacêutica Pfizer anunciou nesta sexta-feira (17) que pretende continuar as negociações de vacina contra a Covid-19 diretamente com…

Em resposta a um ofício enviado pelo governo de São Paulo, a farmacêutica Pfizer anunciou nesta sexta-feira (17) que pretende continuar as negociações de vacina contra a Covid-19 diretamente com o governo federal, com quem tem contrato ainda ativo para o fornecimento de mais 100 milhões de doses.

O governador João Doria (PSDB) havia divulgado, na manhã desta sexta, que São Paulo iria negociar diretamente com a farmacêutica a compra da vacina contra Covid-19 destinada a crianças do estado.

Segundo a farmacêutica, o último contrato firmado com a União é de 29 de novembro e “engloba o fornecimento de novas versões da vacina, inclusive para diferentes faixas etárias”.

“A Pfizer Brasil fechou três contratos de fornecimento com o governo brasileiro, sendo o último deles assinado no dia 29 de novembro, com 100 milhões de doses e entregas previstas para 2022. Esse contrato já engloba o fornecimento de novas versões da vacina, inclusive para diferentes faixas etárias. A companhia continuará as tratativas com o governo federal para definir as próximas etapas do fornecimento do contrato 2022”, disse.

“Entendemos que a vacina da Pfizer/BioNTech contra a COVID-19 é um bem que deve ser oferecido à população em geral, por isso sempre estivemos comprometidos a trabalhar em colaboração com os governos em todo o mundo para que a ComiRNaty seja uma opção na luta contra a pandemia, como parte dos programas nacionais de imunização”, declarou a farmacêutica.

Governo de SP
De acordo com Doria, o estado tem dinheiro e condições de dar celeridade para o processo de vacinação de crianças, por isso a intenção de comprar diretamente da fabricante, sem aguardar o repasse de doses feito pelo Ministério da Saúde.

“Ontem orientei o nosso secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e a Regiane de Paula, que é a coordenadora do PEI (Programa Estadual de Imunização) a procurarem a Pfizer e negociarem a aquisição da vacina da Pfizer para aplicação em crianças na fixa etária de 5 a 11 anos, independentemente do Ministério da Saúde e do Programa Nacional de Imunização”, disse ele em coletiva de imprensa na manhã desta sexta (17).

“A orientação foi imediatamente dentro dos preceitos legais de fazer inclusive a aquisição da vacina, independentemente do Programa Nacional de Imunização. Nós temos recursos em caixa, e a orientação foi pra que possamos vacinar. Isso representa 8 milhões de crianças nessa faixa etária aqui no estado de São Paulo”, completou o governador.

A Secretaria da Saúde estadual encaminhou na quinta-feira (16) um ofício à empresa comunicando o interesse.

Também na quinta, um ofício da pasta foi enviado ao Ministério da Saúde solicitando urgência na liberação de doses da Pfizer para a vacinação de crianças de 5 a 11 anos.

A imunização contra a Covid-19 para essa faixa de idade com a vacina da Pfizer foi aprovada nesta quinta-feira (16) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A gestão de João Doria ainda aguarda a aprovação do uso da CoronaVac em crianças. Na quarta (15), o Instituto Butantan enviou um novo pedido de autorização à Anvisa.

A gestão de Doria reservou 12 milhões de doses da vacina de um lote de 15 milhões que estava parado no instituto. O objetivo é conseguir iniciar a imunização desse público assim que a liberação foi concedida pela agência.

Na avaliação de Renato Kfouri, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunização, é importante que o país consiga, o mais rápido possível, definir a estratégia de vacinação que será aplicada em crianças.

“Eu acho que a necessidade é urgente. Nós temos um fator que eu julgo ser importante que é a submissão há 2 dias do pedido de registro da vacina CoronaVac para criança de 3 a 17 anos. Alguns países estão usando a própria CoronaVac, vacinas semelhantes. Então, acho que a Anvisa deve ter a mesma celeridade que teve, avaliou a vacina da Pfizer em 9 dias, acredito que nós precisamos dessa informação também”, defendeu.

“Se nós dispusermos de 2 vacinas diferentes, eu acho que a discussão ganha um pouco mais de complexidade, mas tudo isso tem que ser breve, não dá pra ficar discutindo por muito tempo, nós precisamos em breve ter essa resposta da Anvisa em relação à CoronaVac e, na sequência, imediatamente, a definição da melhor estratégia, a aquisição desses produtos e começar a vacinar imediatamente. A gente não pode demorar de jeito nenhum a tomar essa atitude de vacinar as crianças”, complementou.

Aprovação da vacina da Pfizer
Apesar da liberação, ainda não há previsão de quando a imunização vai começar porque a vacina para este público tem diferenças em relação à que foi aplicada nos adultos.

Por isso, o governo federal terá que comprar uma versão específica do produto com dosagens e frascos diferentes, apesar de o princípio ativo ser o mesmo.

A Anvisa reforça que a aprovação dada nesta quinta permite que a vacina já seja usada no país para a faixa de 5 a 11 anos. “A chegada do imunizante aos postos depende do calendário e da logística do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS), que coordena a distribuição das vacinas por meio de programas públicos no Brasil.”

Em outubro, a Pfizer disse que a vacina é segura e mais de 90,7% eficaz na prevenção de infecções em crianças de 5 a 11 anos (leia mais abaixo).

A mesma autorização de uso já foi concedida pelo FDA e pela EMA (agências regulatórias de saúde dos Estados Unidos e União Europeia), além de países como Costa Rica, Colômbia, República Dominicana, Equador, El Salvador, Honduras, Panamá, Peru e Uruguai.

A Anvisa alerta que a autorização é baseada nos dados disponíveis até o momento e os resultados são avaliados a todo momento. Veja as orientações da agência:

A dose para as crianças entre 5 e 11 anos de idade é 1/3 da formulação já aprovada no Brasil.
A formulação pediátrica é diferente daquela aprovada anteriormente apresentada para o público com mais de 12 anos – portanto, não pode ser utilizada a formulação de adultos diluída.
A criança que completar 12 anos entre a primeira e a segunda dose deve manter a dose pediátrica.
Não há estudos sobre a coadministração com outras vacinas. Segundo a Anvisa, até que saiam mais estudos, é indicado um intervalo de 15 dias entre a vacina da Covid-19 e outros imunizantes do calendário infantil.

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