A Polícia Federal reforçou a segurança na região disputada por índios e fazendeiros no sul da Bahia. Os pataxós invadiram 64 propriedades. Doze nos últimos três dias.
Nas ruas de Pau Brasil, os moradores estão assustados. A cidade fica no centro da área de conflito.
“A gente tem medo de sair à noite. Temos medo de visitar parentes doentes. Está um clima de guerra”, diz a dona de casa Maria Eduwirgens.
As estradas de acesso à cidade começaram a ser patrulhadas nesta segunda-feira (16). Neste domingo, quando a polícia chegou, as fazendas já tinham sido invadidas.
Os ataques foram em grupos de 30 a 40 homens em cada fazenda. Segundo testemunhas, os índios já chegaram atirando. Trabalhadores rurais foram amarrados com cordas e mantidos nas sedes das fazendas sob ameaças. Outros saíram correndo pelo mato e conseguiram fugir.
“Diversas vezes não foi só um atirador. Foram várias vezes”, conta o gerente de fazenda Adroaldo de Souza.
Segundo o Sindicato dos Produtores Rurais de Pau Brasil, cerca de 15 trabalhadores teriam sido feitos reféns. Alguns ainda não entraram em contato com a família.
“Quem sai se comunica com as famílias, e a família avisa. Tem gente que não avisou”, afirmou Miguel Arcanjo Filho, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais.
Agentes da Polícia Federal entraram em algumas fazendas e não encontraram os possíveis reféns. Os índios ameaçam continuar com as invasões.
“Os índios estão aqui se organizado para ocupar o resto das fazendas”, disse o cacique Nailton Muniz.
Entre a madrugada deste domingo e o fim da tarde desta segunda, foram dez invasões só em Pau Brasil. Outras duas ocorreram em Itaju do Colônia no fim de semana. No total, já são 64 fazendas invadidas na região do conflito. Índios e fazendeiros brigam na Justiça pela posse de 54 mil hectares de terra. A questão será decidida pelo Supremo Tribunal Federal, mas ainda não há data definida para o julgamento.
“É importante que a Polícia Federal amplie seu contingente aqui. Eventualmente, que se convoque especificamente para lá a Força Nacional de Segurança ou o Exército para poder dar garantia até o julgamento, até que se tenha tranquilidade na região”, concluiu o governador da Bahia, Jaques Wagner.