Pesquisadores norte-americanos acreditam ter encontrado o calcanhar de Aquiles do vírus Ebola – o que pode ser a chave para o desenvolvimento de uma vacina preventiva eficaz, segundo estudo publicado nesta terça-feira.
Uma pesquisa publicada na última edição da mBio, a revista online da Sociedade Americana de Microbiologia, disse que os cientistas acreditavam que uma proteína chamada Niemann-Pick C1 (NPC1) foi decisiva para que o Ebola infectasse um hospedeiro.
“Nosso estudo revela que a NPC1 pode ser um calcanhar de Aquiles para a infecção pelo vírus Ebola”, afirmou Kartik Chandran, professor associado de microbiologia e imunologia no Albert Einstein College of Medicine da Universidade de Yeshiva, co-autor da pesquisa.
Não existem atualmente tratamentos aprovados contra o Ebola nos Estados Unidos, e todas as terapias em desenvolvimento em outros lugares do mundo são concebidas para atacar o vírus.
A segmentação da NPC1 é a primeira abordagem terapêutica baseada no hospedeiro para combater a doença, que custou milhares de vidas durante um surto devastador na África Ocidental no ano passado – o pior da história.
Estudos anteriores feitos in vitro mostraram que o Ebola entra nas células hospedeiras através da ligação direta com a NPC1 e que bloquear a capacidade do vírus de se ligar à proteína serve como prevenção contra a infecção.
Para ver se o processo se repetia em organismos vivos, os pesquisadores expuseram três diferentes tipos de ratos à doença – ratinhos normais, ratinhos que tinham sido geneticamente modificados para ser completamente deficientes em NPC1 e ratos geneticamente modificados para ter tanto um nível normal e mutante de NPC1.
Enquanto os ratos normais morreram de infecção por Ebola após nove dias, os ratinhos deficientes em NPC1 ficaram completamente livres do vírus.
“Ratos que não tinham ambas cópias do gene NPC1 e, por conseguinte, não tinham a proteína NPC1, foram completamente resistentes à infecção”, disse Chandran.
“A NPC1 é absolutamente essencial para patogênese in vivo, e se for possível interromper isso, não há sinais de replicação do vírus Ebola ou patogênese”, explicou Andrew Herbert, cientista de pesquisa sênior na seção de Imunologia Viral do Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos, em Maryland.