quarta, 20 de novembro de 2024
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Pesquisa da UNESP Rio Preto mapeia a língua falada no interior paulista

Coordenado pelo docente Sebastião Carlos Leite Gonçalves do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp, campus de São José do Rio Preto, o Projeto Iboruna (“Rio Preto”,…

Coordenado pelo docente Sebastião Carlos Leite Gonçalves do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da Unesp, campus de São José do Rio Preto, o Projeto Iboruna (“Rio Preto”, em tupi guarani) reuniu amostras de fala de 152 informantes de São José do Rio Preto e mais seis cidades que lhe fazem fronteira (Bady Bassitt, Mirassol, Guapiaçu, Cedral, Ipiguá e Onda Verde). A pesquisa, realizada ao longo de três anos, envolveu a atuação de 27 pessoas, entre alunos e professores, e foi financiada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

De acordo com Gonçalves, o objetivo do projeto foi a constituição de um banco de dados denominado Amostra Lingüística do Interior Paulista (Alip), para servir de comprovação empírica às pesquisas realizadas em Lingüística. “No Ibilce, grande parte dos lingüistas trabalha com a linha funcionalista, a qual estuda a língua inserida dentro de um contexto social. Portanto, precisamos de dados efetivos de linguagem para a realização de pesquisas”.

Outra motivação destacada por ele para a realização do projeto foi o fato de que os pesquisadores da área no Ibilce trabalhavam com corpora diversos, provenientes do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. “Não fazia sentido desconhecermos a língua falada por nossa própria comunidade”, avalia.

Para a constituição do banco de dados, utilizaram-se procedimentos da sociolingüística. Dessa forma, a equipe definiu as variáveis sociais que seriam investigadas (gênero, faixa etária, escolaridade e renda familiar) e partiu para a realização de entrevistas com informantes que apresentavam as variáveis determinadas. “A parte mais trabalhosa do projeto não foi a gravação, e sim a transcrição das falas, pois precisávamos garantir uma homogeneidade mínima do material”, afirma.

O projeto finalizou-se em outubro deste ano e, agora, os dados obtidos serão disponibilizados no site www.iboruna.ibilce.unesp.br, para que pesquisadores e demais interessados tenham livre acesso. De acordo com Gonçalves, mesmo antes de o banco ser finalizado, as amostras já vinham sendo estudadas, em projetos de iniciação científica, mestrado e doutorado.

Desde o início do projeto, em março de 2004, o projeto Iboruna desperta o interesse da comunidade rio-pretense e, principalmente, da imprensa. Para Gonçalves, isso se relaciona ao rótulo do “caipirês” atribuído ao interior de São Paulo. “Na verdade, isso tem a ver mais com espaço geográfico do que com a nossa forma de falar propriamente dita”, avalia.

Este é o primeiro estudo do português falado na região. Além disso, em termos de número de informantes, o ALIP pode ser considerado o segundo maior banco do Brasil, ficando atrás apenas do Varsul (Variação Lingüística Urbana na Região Sul), que reúne amostras de fala dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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