A escassez de boi gordo e a menor disponibilidade de vacas gordas prejudicam a programação de abates dos frigoríficos, que precisam negociar preços mais altos com os pecuaristas para adquirir animais.
A constatação foi feita pela empresa que estuda o mercado do setor agropecuário, Scot Consultoria. Segundo as informações, “apesar do marasmo no mercado do boi gordo, as exportações seguem aquecidas, o que ajuda a deixar o mercado enxuto. Como resultado, observam-se reajustes quase diários em inúmeras praças pecuárias”, consta na pesquisa.
Desde o início do ano, na média das 28 praças pesquisadas pela empresa, houve alta de 11,0% nos preços do boi gordo. Oscilando entre uma leve queda no Rio de Janeiro, de 3%, até uma reação de 18% em Campo Grande.
Enquanto as escalas de abate se estendem por cerca de uma semana em todo o País, no Rio elas chegam a mais de 10 dias. Diante da menor disponibilidade de animais no Mato Grosso do Sul, onde a oferta atende as indústrias locais e parte das indústrias paulistas, as ofertas de compra subiram expressivamente. A diferença de preços entre Campo Grande e Dourados, por exemplo, que já chegou a R$ 4,00/arroba, está em R$1,00/arroba atualmente e já ocorreram negócios com preços iguais.
Segundo os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) a parcial do mês de junho foi de alta de 7,3%. Os estudos comprovaram que os frigoríficos chegaram a aumentar o valor pago pela arroba, mas mesmo assim encontraram dificuldades para adquirir animais. De acordo com agentes, a situação no estado de São Paulo é ainda mais crítica, visto que restam poucos animais de pasto para serem comercializados e os de confinamento ainda não estão prontos. Nesse contexto, o ritmo de negócios continua bastante lento, de acordo com o Cepea.
Operação
A Receita Federal do Brasil e a Polícia Federal iniciaram na manhã de ontem a operação “Arroba” com o objetivo de combater a sonegação fiscal e as fraudes previdenciárias de frigoríficos localizados nos estados do Pará, Maranhão, Piauí, Pernambuco e Paraíba.
De acordo com comunicado da Receita, os grupos são suspeitos de desviar aproximadamente R$ 100 milhões dos cofres da União, nos últimos cinco anos.
Estão sendo cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em 15 empresas e dez para documentação e equipamentos de pessoas físicas. Foram mobilizados 50 auditores da Receita Federal e 150 policiais federais. As investigações começaram há um ano. Os suspeitos são acusados de usar empresas fantasmas para vender gado e carne ao mercado atacadista. Com isso, sonegam impostos e contribuições trabalhistas e previdenciárias.
Sócios “laranjas” assumiam as obrigações tributárias mediante contratos inexistentes de prestação de serviço de abate, arrendamento e outros através de empresas de fachada. Com esses artifícios, os impostos deixavam de ser declarados ou eram declarados a menor. Para detectar as irregularidades a Receita cruzou informações com a movimentação financeira dos frigoríficos por meio da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A operação Arroba é extensão de outra denominada Abatedouro, deflagrada no mês passado nos estados do Tocantins, Maranhão e Pará