Em novembro de 2008, as micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas apresentaram uma redução de 10% no faturamento real em comparação com o mesmo mês em 2007. Entre os fatores que contribuíram para este resultado destacam-se os efeitos da crise financeira mundial, que levaram à queda na atividade em setores específicos, como o automobilístico, a corrosão do faturamento real em virtude da alta da inflação no ano e a boa base de comparação, uma vez que 2007 registrou a melhor receita real das MPEs desde 2003.
Todos os setores apresentarem desempenho negativo na receita real na comparação de 12 meses (novembro de 2008 X novembro de 2007): – 20,6% na indústria, – 7,8% no comércio e – 4,3% em serviços. A retração no faturamento da indústria foi influenciada pelo fraco desempenho dos segmentos de bens de capital (máquinas e equipamentos) e duráveis (por exemplo, aparelhos e materiais elétricos), que negociam produtos de valor mais elevado e que dependem de vendas financiadas.
Em novembro de 2008, a receita total das 1,3 milhão de MPEs paulistas foi de R$ 21,9 bilhões, o que significa uma redução de R$ 2,4 bilhões em relação a novembro de 2007.
Na comparação entre outubro e novembro de 2008, a redução no faturamento real das MPEs paulistas foi de 3,5%. O comércio foi o único setor a registrar variação positiva de faturamento na comparação com mês anterior: aumento de 0,8%, enquanto a indústria e o setor de serviços apresentaram queda de 7,8% e 8,2%, respectivamente. Em comparação a outubro de 2008, a queda na receita total foi de R$ 791 milhões.
Expectativas das MPEs
Mesmo com os dados negativos, mais da metade dos empreendedores de pequenos negócios (58%) acreditam na melhora do faturamento nos próximos seis meses. De acordo com pesquisa de opinião, realizada em dezembro de 2008 com 2,7 mil empresas de micro e pequeno porte, 36% apostam na manutenção da receita – mesmo índice registrado em novembro.
Em relação à economia brasileira, o otimismo entre o empresariado também se mantém: 57% acreditam na melhora da macroeconomia. A pesquisa aponta ainda que 38% dos empresários apostam na estabilidade no nível de atividade da economia no Brasil. Parte desse otimismo pode ser atribuído à movimentação da economia para atender as vendas de final de ano.
No Brasil, os analistas de mercado projetam para o ano de 2009 uma desaceleração do crescimento – que não é a mesma coisa que queda no nível de atividade. Estimativas do Banco Central indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha um crescimento da ordem de 5,6% em 2008 em relação ao ano anterior. Para 2009, a economia continuará crescendo e a previsão é de uma elevação de 2 pontos percentuais sobre o PIB de 2008.
No que se refere às MPEs, a tendência é de crescimento moderado. Contribuem para este cenário a perspectiva de inflação sob controle, a recuperação da renda da população nos últimos anos, o fato de o sistema bancário brasileiro estar relativamente capitalizado e o elevado volume de reservas em dólares da economia brasileira.
“Para 2009, a expectativa é de crescimento moderado para as MPEs, porque não teremos o impacto da retração inicial da crise (por exemplo, comportamento defensivo de empresas e consumidores), além de colher os efeitos positivos das medidas já adotadas pelos governos. Essas medidas podem e devem ser mantidas para incrementar o consumo”, prevê Tortorella.
Fechamento de 2008
Segundo projeção do Sebrae-SP, as MPEs paulistas devem encerrar o ano de 2008 com queda da ordem de 4% no faturamento real em relação a 2007.
Entre os fatores apontados como responsáveis por essa queda de faturamento está a crise financeira internacional. No Brasil, com a escassez de crédito, os segmentos da atividade econômica mais dependentes de financiamento (em termos de produção e vendas) tiveram queda no nível de atividade. Essa queda afetou as MPEs nos últimos meses pesquisados.
Outro fator que foi levado em conta na projeção da entidade foi o aumento na inflação em 12 meses (que foi de 7,2% entre novembro de 2007 e novembro de 2008, de acordo com o INPC-IBGE), o que corroeu parte dos ganhos das empresas.
Esses foram os principais resultados da pesquisa Indicadores Sebrae-SP, realizada em novembro, em parceria com a Fundação Seade. A pesquisa monitora mensalmente o desempenho de 2,7 mil MPEs em todo o Estado, apresentando também dados para quatro regiões: capital (cidade de São Paulo), Grande ABC, Região Metropolitana de São Paulo (39 *municípios) e Interior.
O estudo completo está disponível em www.sebraesp.com.br, clicando em “Conhecendo a MPE”, seção “Indicadores de Conjuntura”.