Pequenas cidades do interior de Minas Gerais e de São Paulo sedes de hidrelétricas e mais três municípios ligados à indústria do petróleo tinham, em 2005, os maiores PIBs per capita do país. Possuíam esse perfil seis das dez mais polpudas rendas per capita, segundo o IBGE.
A primeira da lista era Cascalho Rico (MG), com R$ 289.838. O município abriga a usina de Emborcação, da Cemig, além de possuir uma unidade de beneficiamento de leite. Tinha só 2.618 habitantes.
“Esses dados são totalmente errados”, disse o secretário do Planejamento de Cascalho Rico, Celso de Andrade. Andrade calculou o PIB por cada um dos 2.799 habitantes do município e chegou, considerando a arrecadação total anual de R$ 8,4 milhões, ao valor de R$ 3.000 -1% do valor apresentado pelo órgão de estatística federal.
“Na nossa cidade não há miséria, ninguém morando em condição subumana, mas não tem riqueza. A riqueza para nós tem parâmetros diferentes.”
Na segunda posição, ficou Araporã (MG), onde está a usina de Itumbiara (Furnas). Seu PIB per capita era de R$ 223.027. A cidade possuía uma população um pouco maior (5.897). Fronteira, em Minas, e Ouroeste, em São Paulo, também sediavam hidrelétricas e ficaram com a sexta e oitava posições, respectivamente.
Enquadrada no outro perfil, São Francisco do Conde, sede da refinaria da Petrobras da Bahia, tinha um PIB per capita de R$ 211.601, o que lhe assegurava o terceiro lugar. Também tinham a mesma característica Triunfo (RS), na quarta posição, e Paulínia (SP), na nona. Elas abrigam o pólo petroquímico gaúcho e a maior refinaria do país, respectivamente.
Sheila Zani, coordenadora do PIB dos Municípios, diz que, como a renda per capita é a relação entre PIB e população, cidades pouco povoadas e com atividade econômica relevante apresentam os maiores valores.
No eixo das capitais, um caso exemplificou a forte correlação do indicador com o número de habitantes. Entre as capitais, o mais alto PIB per capita era o de Vitória -R$ 47.855. A cidade tinha das mais baixas populações entre as capitais: 313 mil habitantes. Considerando só o PIB, Vitória aparecia em 19º.
Atrás da capital capixaba, estavam Brasília (R$ 34.510), São Paulo (24.083), Porto Alegre (R$ 19.582) e Rio (R$ 19.524).
O PIB per capita, apesar de sua representatividade, não se traduz em qualidade de vida nem em poder de compra da população, medidos pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU, e pelo poder de paridade de compra (que considera o poder de compra das moedas dentro dos respectivos países).