Imagens registradas por pescadores em Corumbá, Mato Grosso do Sul, mostram a devastação causada pela seca e queimadas, com centenas de peixes e jacarés mortos. No material, capturado perto da Baía do Castelo, animais são vistos tentando sobreviver em áreas onde a água secou – a região, conhecida como a “capital do Pantanal”, enfrenta uma das piores crises ambientais de sua história.
Bruno Girotto, pescador há 15 anos, relata que nunca havia testemunhado uma seca tão severa. Ele destaca o impacto da destruição nas espécies marinhas, já que as baías são berçários de reprodução. “O nível do Rio Paraguai está negativo, é uma tristeza sem fim. Peixes nobres como pintado e cachara estão morrendo”, lamenta Girotto.
Os incêndios têm agravado a situação em Corumbá, que já é a cidade que mais queimou no Brasil em 2024. O céu escurecido pela fumaça contrasta com a paisagem local, e o fogo destruiu mais de 616 mil hectares apenas de janeiro a agosto, conforme dados do MapBiomas. A cidade enfrenta uma grave crise ambiental e social.
A seca extrema e os incêndios não afetam apenas Corumbá, mas todo o Pantanal. A área queimada no bioma cresceu 249% em relação aos cinco anos anteriores, com 1,22 milhão de hectares destruídos até agora em 2024. Só em agosto, o Pantanal perdeu 648 mil hectares, marcando o maior índice de queimada para o mês.
Além da perda de biodiversidade, a população de Corumbá também enfrenta altos níveis de poluição do ar. A qualidade do ar na cidade está 25 vezes pior do que o limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo monitoramento da empresa suíça IQAir. A previsão é de que o cenário piore ainda mais nos próximos dias.