O resultado não foi o esperado, o centroavante estreante perdeu gol incrível, e o Corinthians acumulou seu quarto jogo sem vencer às vésperas de três decisões que terá pela frente nos próximos dias.
A Fiel torcida teve inúmeras razões para se chatear com o empate em 1 a 1 contra o Ceará, domingo, pelo Campeonato Brasileiro. Mesmo assim, deixou Itaquera empolgada por um motivo: Pedrinho.
Na verdade, não foram apenas os torcedores que se empolgaram com os 79 minutos de participação do atacante de 20 anos. A quinta presença do garoto como titular – a primeira em 2018 – rendeu elogios de jornalistas, que o consideraram o melhor do time na partida, e de colegas de equipe, que veem na joia alvinegra potencial para brilhar ainda mais nesta temporada.
“É um jogador que faz a diferença, agudo, de muita qualidade, que vai nos ajudar muito no decorrer do campeonato”, falou o zagueiro Henrique, autor do gol no empate contra os cearenses.
“É um cara diferenciado, tem um talento incrível, um cara com personalidade que vai pra cima do adversário independentemente da situação. Vai amadurecer muito ainda e nos ajudar”, completou o volante Gabriel.
Até ser substituído por Emerson Sheik, aos 34 do segundo tempo, Pedrinho era o centro das atenções na Arena Corinthians, fato potencializado por duas razões: primeiro, as principais estrelas da equipe estavam fora do gramado, já que muitos titulares acabaram poupados pelo técnico Fábio Carille. Segundo, quase todos os lances relevantes do jogo tiveram participação do garoto, que era ovacionado a cara arrancada pela ponta direita, a cada finta de corpo na marcação adversária. Até mesmo os passes errados – mais pela afobação do que por deficiência técnica – recebiam aplausos de incentivo.
Em suma, Pedrinho foi a antítese de Marquinhos Gabriel, cujo grau de paciência junto à torcida já não começou lá muito elevado e foi despencando a cada cruzamento equivocado ou chute torto do camisa 31. Este, ao ser substituído por Mateus Vital, saiu andando lentamente em direção ao banco, cabisbaixo, ao som de vaias. Já o xodó da Fiel recebeu calorosa saudação das arquibancadas.
Na zona mista da Arena, visivelmente satisfeito com seu desempenho, Pedrinho falou sobre a sua performance. “Trabalho para isso. Tento ser ousado e alegre”, sentenciou o garoto, utilizando mantra consagrado por Neymar. “Avalio que fui bem. Fazia tempo que não era titular. Aos 25 (minutos), estava sentindo câimbras”, comentou.
Até por essa incapacidade de terminar inteiro fisicamente uma partida, Pedrinho ainda é visto com ressalvas por Carille, que vai na contramão da euforia do torcedor e sempre pondera quando questionado por que não sai jogando de cara com o garoto.
“O Pedrinho suportou bastante porque não foi um jogo intenso, de tanta transição, em que o adversário ficou mais plantado e trabalhou em um espaço menor”, falou o comandante, deixando claro que, se o jogo exigisse mais do atacante, provavelmente ele teria até sido substituído antes – ou entrado no decorrer dele.
Será uma balança a qual Carille precisará sempre recorrer: gastar o cartucho de saída ou deixar a munição especial para um segundo momento dos confrontos? A partir desta quinta-feira, ele precisará medir muito bem esse peso para definir quando Pedrinho poderá ajudar.
A série decisiva começa pelo Vitória, na Copa do Brasil, passa por um Dérbi diante do Palmeiras, no domingo, e culmina no duelo importantíssimo frente ao Deportivo Lara, na semana que vem, pela Libertadores.