A explosão de casos de covid-19 no País provocada pelo avanço da variante Ômicron fez a Federação Paulista de Futebol (FPF) repensar o protocolo para o Campeonato Paulista 2022. A entidade fará mudanças no plano de medidas para conter a disseminação do vírus entre os atletas e estuda exigir o passaporte de vacina para todos os jogadores dos 16 clubes da elite do futebol estadual.
Haverá uma reunião virtual nesta quinta-feira, 13, entre os membros do comitê médico da FPF e os médicos dos clubes das três divisões do futebol paulista. No encontro, começará a ser discutido o novo protocolo a ser seguido pelas equipes. A principal decisão diz respeito à exigência de que todos os atletas estejam vacinados com ao menos duas doses da vacina contra covid-19 – ou a dose única, no caso da Janssen.
“Nós estamos cobrando. Eles devem estar vacinados. Provavelmente, essa deve ser uma das decisões que tomaremos, de ter a necessidade da vacinação”, afirma ao Estadão o diretor médico da FPF, Moisés Cohen. “Em princípio, essa é minha ideia hoje. Se a melhor prática para o próximo for exigir o passaporte vacinal é por aí que temos que caminhar. Não tenho muitas dúvidas disso, não. Acho que ninguém vai contestar”, reforça o médico.
Atualmente, a maioria dos times na disputa do Paulistão estão com seus atletas com as duas doses do imunizante. Em outubro de 2021, levantamento do Estadão com 17 dos 20 clubes da Série A daquele ano mostrou que, naquele momento, mais de 97% dos jogadores haviam recebido ao menos uma dose da vacina contra a covid-19.
O Estado de São Paulo tem 82,25% da população total vacinada ao menos com uma dose contra o coronavírus, e 79,02% com duas doses ou aplicação única. Em todo o País, 144,7 milhões receberam a segunda dose ou um imunizante de aplicação única, o que representa 67,86% da população com duas doses ou a vacina da Janssen.
Cohen e os membros do comitê médico da FPF trabalhavam com a ideia de elaborar um protocolo mais “light”, mas tiveram de mudar seus planos em virtude do aumento significativo de casos de covid-19 entre o fim de dezembro e o começo de janeiro graças à nova cepa que os especialistas consideram ser mais transmissível em relação às outras que já haviam surgido.
“Tudo é muito dinâmico. A situação estava calma em novembro e aparentemente estava melhorando, com menos casos. Mas o que a gente vê hoje com a Ômicron é uma transmissibilidade muito grande”, justifica Cohen. “As mudanças acontecem de forma muito rápida”.
Com a mudança do cenário decorrente do avanço da Ômicron, a ideia é que o protocolo seja mais rigoroso, especialmente em relação à obrigatoriedade de os clubes intensificarem os testes nos atletas. Isso já tem sido feito nas principais equipes de São Paulo.
“O teste é uma fotografia do momento em que é feito o teste. A pessoa pode fazer o teste agora e se contaminar meia hora depois Mas, com mais testes, é mais fácil ter um controle do que está acontecendo”, argumenta o chefe do comitê médico da FPF.
Primeiro time da elite do futebol nacional a se reapresentar, o Palmeiras, por exemplo, tem testado seus jogadores diariamente, bem como os outros grandes do Estado. O atual campeão da Libertadores chegou a ter dez jogadores contaminados com o vírus Até o momento, o São Paulo registrou 11 casos, o Santos, sete, e o Corinthians, três.
No time da Vila Belmiro, os testes PCR têm sido feitos nos jogadores de dentro de seus carros em um drive thru de testagem rápida. “O mundo inteiro está passando por uma nova explosão de casos de covid-19. Por isso, a nossa ideia é criar um ambiente de segurança máxima e risco mínimo”, comenta o infectologista do Santos, Evaldo Stanislau.
PERÍODO DE ISOLAMENTO – Na última segunda-feira, o Ministério da Saúde anunciou a decisão de reduzir para cinco dias o período de isolamento de pacientes infectados por covid-19, desde que estejam assintomáticos, sem febre nas últimas 24 horas e apresentem teste negativo PCR ou de antígeno. O Estado de São Paulo seguiu as novas diretrizes da pasta, bem como os clubes. No Palmeiras, Patrick de Paula, Gustavo Scarpa, Breno Lopes, Rafael Navarro e Deyverson testaram negativo após o quinto dia de isolamento e foram liberados, seguindo o novo protocolo.
A decisão de reduzir o período de quarentena tem sido alvo de críticas de especialistas, que dizem não haver consenso na comunidade científica mundial a respeito do tempo ideal de isolamento. O próprio médico da FPF, Moisés Cohen, é contrário a essa nova diretriz.
“Acho muito precoce nesse momento e sem base científica definir que um atleta volte a jogar cinco dias após ser contaminado. Não penso assim nesse momento. Hoje, eu bato o martelo em 10 dias”, salienta. A regra prevista anteriormente pelo Ministério da Saúde era de 14 dias ininterruptos de isolamento. Entre os atletas, o período respeitado vinha sendo de 10.