A maioria das pessoas sabe que precisamos de ser fisicamente ativos. Mas a prática de exercício físico pode não ser suficiente para afastar o risco de doenças se passarmos longos períodos do dia sentados.
Não é novidade que o estilo de vida moderno promove o sedentarismo. Quando trabalhamos, conduzimos, lemos um livro, vemos televisão ou jogamos no computador estamos sentados e assim passamos a maior parte do nosso dia. Ser ativo apenas durante alguns períodos de tempo, mesmo que se faça um esforço intensivo, como por exemplo, exercitar-se uma hora no ginásio ou fazer uma corrida matinal, não anula os efeitos do sedentarismo. A conclusão é do estudo publicado no jornal Annals of Internal Medicine, que revelou que uma vida sedentária aumenta significativamente o risco de várias doenças (hipertensão, diabetes e obesidade, entre outras) e nem a prática de algum exercício físico consegue compensar os efeitos das horas que se passa sentado.
David Alter, investigador sénior da Toronto Rehab da University Health Network (UHN) e do Instituto de Ciências de Avaliação Clínica em Toronto, no Canadá, e os seus colegas procuraram quantificar a ligação entre vida sedentária e hospitalizações, doenças cardiovasculares, diabetes e cancro nos adultos, independentemente da prática de exercício físico.
A investigação incidiu numa meta-análise efetuada a 47 estudos sobre o comportamento sedentário. E o resultado foi surpreendente: o benefício que se retira do exercício não consegue compensar as horas em que se está parado. Por exemplo, quem passa mais de oito horas sentado por dia, tem um risco de 90 por cento de desenvolver Diabetes Tipo 2.
A equipe constatou ainda que os efeitos prejudiciais do tempo passado sentado eram mais pronunciados em indivíduos que praticam pouco ou nenhum exercício físico do que naqueles que praticavam mais exercício físico. Quer isto dizer que quanto mais exercício praticamos, menor será o impacto do comportamento sedentário.
David Alter sublinhou num comunicado de imprensa da universidade que “evitar períodos de sedentarismo e praticar exercício regularmente são importantes para melhorar a nossa saúde e sobrevivência”. O investigador explicou que praticar trinta minutos de exercício por dia, mas passar as restantes 23 horas e meia de forma sedentária não é suficiente. Sendo assim, a estratégia ideal seria diminuir o tempo de sedentarismo entre 2 a 3 horas num período de 12 horas.
De acordo com os cientistas, são precisos estudos mais aprofundados para perceber a quantidade de atividade física necessária para reverter os riscos para a saúde associados a longos períodos de sedentarismo. No entanto, enquanto isso não acontece, David Alter deixa alguns conselhos para minimizar os efeitos de uma vida sedentária, salientando que o primeiro passo é ter consciência das horas que se passa sentado para se ir reduzindo, gradualmente, esse número. Depois disso, há que “estabelecer objetivos atingíveis e arranjar oportunidades de incorporar mais atividade física (e menos tempo sentados) na nossa vida diária. Por exemplo, no trabalho levante-se e movimente-se durante dois a três minutos a cada meia hora, e quando estiver a ver televisão, levante-se ou faça exercício durante a parte da publicidade”, lê-se no comunicado.
E não se esqueça: apesar de o exercício não eliminar o risco de doenças, os cientistas ressalvam o facto de que a atividade física minimiza o impacto destas rotinas sedentárias e, como tal, deve ser um hábito a adotar por todas as pessoas.