A liderança do Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita alemão e principal força de oposição no país, demitiu ontem o porta-voz Christian Lüth. Em uma conversa gravada, ele sugeriu assassinar migrantes “com gás”.
Na extrema direita alemã, os setores moderados e os mais radicais se enfrentam abertamente. Estes últimos expressam, cada vez mais descomplexados, sua simpatia pelos neonazistas.
No decorrer de uma conversa gravada, transmitida na tarde de segunda-feira (28) pelo canal de televisão ProSieben e no contexto de uma reportagem sobre a extrema direita alemã, Christian Lüth defendeu “a chegada de mais refugiados” declarando “quanto pior a situação na Alemanha, melhor será para a AfD ”, acrescentando: “Mais tarde podemos liquidar todos, não é um problema, ou jogar gás neles. Tanto faz!”.
A declaração do político alemão teria sido gravada em 23 de fevereiro, com uma câmera escondida, em um bar de Berlim. Embora a imagem de Lüth não apareça no vídeo, muitos o identificaram por meio de sua voz.
Lüth, de 44 anos, que trabalhava para o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha desde 2013, e ocupava o cargo de porta-voz do grupo parlamentar desde que o partido retornou à Câmara dos Deputados, em 2017. Em abril passado ele havia sido suspenso da formação, após reivindicar suas origens arianas, definindo-se como um “fascista”.
Rejeição dentro do partido
Alexander Gauland, chefe do partido AfD no Bundestag – a Câmara dos Deputados alemã – e presidente honorário do partido, se distanciou dos comentários de seu ex-colega de sigla. “As declarações atribuídas ao Sr. Lüth são completamente inaceitáveis e de forma alguma compatíveis com os objetivos e políticas da AfD e do grupo AfD no Bundestag”, disse Gauland à agência de notícias Dpa.
Muitos analistas destacam que essa demissão, sem prévio aviso, ocorre em um momento em que a AfD, principal partido da oposição na Câmara dos Deputados, vive um sério conflito interno entre sua ala mais moderada e o setor mais radical. Este último está próximo de movimentos neonazistas e recentemente a polícia decidiu vigiá-los por considerá-los uma ameaça à democracia.