Cinco meses após o maior acidente da aviação civil brasileira, ocorrido em 17 julho deste ano nas proximidades do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a maioria dos parentes das 199 pessoas que morreram continua lutando para receber as indenizações da seguradora da companhia aérea TAM, a Unibanco-AIG.
Segundo Archelau de Arruda Xavier, pai de Paula de Arruda Xavier, uma das vítimas do acidente, os valores oferecidos pela seguradora são “ofensivos” e alguns parentes têm preferido procurar a Justiça americana buscando uma indenização maior e até mais rápida. “O pessoal vai na Justiça lá fora primeiro porque é muito mais rápida, segundo porque a vida lá fora vale muito mais do que a vida aqui no Brasil”, afirmou.
Xavier revelou que outro problema que preocupa as famílias é a demora na identificação das causas do acidente. “É fundamental que se chegue a uma conclusão das causas e que, existindo culpados, sejam punidos. Os familiares estão acompanhando e querem ver chegar a um final”.
Desde o acidente, os parentes das vítimas do acidente com o Airbus A320 da TAM – que não conseguiu pousar na pista do Aeroporto de Congonhas, atravessou a Avenida Washington Luis e se chocou contra um prédio da mesma empresa, na cabeceira da pista – criaram a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo TAM JJ 3054. O grupo se reúne mensalmente para procurar soluções para as indenizações e pressionar a empresa e os órgãos federais na busca de informações sobre as causas do acidente.
Xavier reclamou que as investigações que estão em andamento no 27º Distrito Policial, no Campo Belo, na capital paulista, comandadas pelo delegado Antônio Carlos Menezes Barbosa, estão sendo prejudicadas porque a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) ainda não liberaram documentos necessários para a conclusão do inquérito e que revelam detalhes sobre a liberação da pista no dia do acidente.
Segundo ele, mesmo o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que também apura as causas do acidente, mas que, por leis internacionais de aviação, não deveria divulgá-las, já entregou seus documentos ao delegado Barbosa após ser intimado judicialmente.
“Todas essas informações deveriam ser liberadas pela Anac e pela Infraero e já houve inclusive ordem judicial. Mesmo assim, essas informações não foram liberadas ainda”, afirmou.
Atualmente, a associação está fazendo uma nova tentativa para criar uma câmara de conciliação, de forma com que a Defensoria Pública de São Paulo possa intermediar as negociações de indenização com a seguradora, pois é primeira foi negada.