João Doria não é unanimidade dentro de seu partido, o PSDB. Aposta do governador Geraldo Alckmin, o empresário, como reportam os jornais, acabou sendo alvo de protestos dentro da legenda.
O mais novo caso de “fogo amigo” vem de Alberto Goldman, que governou o estado de São Paulo após José Serra se desvincular do cargo por uma nova eleição. O tucano acusa o companheiro de partido de ter usado recursos “lícitos e ilícitos” para angariar votos.
“Dória não relutou em usar de todos os recursos lícitos e ilícitos, operacionais e financeiros, para angariar votos em uma prévia que está sendo avaliada pela Justiça Eleitoral. Nesse período prévio a lei veda o uso de quaisquer recursos financeiros para buscar votos para decisão dos filiados ao partido. Despesas só podem ser feitas pelo diretório municipal, mas ele as fez com recursos próprios”, afirma Goldman, em texto publicado no dia 18 de setembro em seu site pessoal com o título “Para conhecer melhor João Doria”.
Para Goldman, Doria não pode dizer que não é político. “Dória diz não ser político, mas administrador, empresário. Não é verdade. Ele mesmo se vangloria em ter sido presidente da Paulistur, no governo Mario Covas, e presidente da Embratur, no governo José Sarney, ambas empresas estatais da área do Turismo”.
Ainda no texto, Goldman vai mais fundo nas críticas e chega a sugerir que o patrimônio de Doria é fruto de atividades como lobista. “Dória se diz empresário. Tem várias empresas, é verdade, e divulga em seu material de propaganda que, através delas, é um dos principais geradores de negócios do Brasil. No entanto, como empresas de eventos, não produzem qualquer bem ou serviço diretamente, apenas estabelecem e ampliam relações entre empresários e agentes públicos (deputados, senadores, secretários, ministros, governadores), atividade lícita que se chama de lobby, que lhe permitiu acumular um patrimônio declarado surpreendente de centenas de milhões de reais”.
ATUALIZAÇÃO: Em nota, a campanha do candidato João Doria diz que Goldman “merece a mesma resposta dada no direito de resposta à candidata do PSOL, Luiza Erundina, no último debate da TV Record, no último dia 25”.
“Eu sou trabalhador, tudo o que eu conquistei na vida eu conquistei trabalhando. Não sou lobista não, sou trabalhador, dedicado. E ao longo de 45 anos fiz isso com honestidade e decência. Eu posso olhar nos olhos dos meus filhos, da minha esposa, dos meus amigos e de vocês também, porque eu sou honesto e decente. E graças a Deus não sou do PT e numa fiz as bandalheiras que o partido que você representou Luiza Erundina e você representa Fernando Haddad faz e realizou nesse país”.
Sobre o “uso de recursos ilícitos”, a campanha de Doria diz que ao ex-governador Alberto Goldman formalizar a denúncia e apresentar provas. “Se ainda não o fez, ou está escondendo um crime do qual compactua ou não passa de uma calúnia sobre a qual poderá responder judicialmente”.
MP pede cassação de chapa de Doria
O Ministério Público (MP) pediu nesta segunda (26) que Justiça Eleitoral promova a cassação do registro da candidatura de João Doria (PSDB) por abuso de poder político. Não há prazo para o julgamento da ação.
O promotor José Carlos Bonilha, responsável pelas eleições na capital, também acusa o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de ter usado a máquina estadual a favor do afilhado, nomeando um secretário em troca de apoio a Doria.
Segundo o MP, a nomeação de Ricardo Salles, do PP e do movimento Endireita Brasil, para a Secretaria do Meio Ambiente foi uma “barganha política” e “moeda de troca” em favor da candidatura de Doria.