O papa Francisco voltou a condenar os envolvidos nos escândalos de corrupção que atingiram a Itália nos últimos meses e clamou por um “renascimento moral” durante a cerimônia que realizou nesta quarta (31) na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Milhares de pessoas assistiram ao evento.
“Os graves atos de corrupção revelados recentemente requerem um renascimento espiritual e moral e um novo compromisso que construa uma cidade mais justa e solidária”, disse.
Para Francisco, o ingresso em organizações criminosas também é resultado da postura da sociedade frente aos pobres. “Quando uma sociedade ignora os pobres, os persegue e os criminaliza, ela os obrigas a se unir à máfia. É necessário um grande ato de liberdade cristã para ter coragem de proclamar que urge defender os pobres, não se defender dos pobres. Que é preciso servir ao fracos, não servir-se dos fracos.”
Para a entrada do novo ano, o papa propôs que a comunidade cristã relembrasse seus atos em 2014 e fizesse um exame de consciência. “Como é o nosso modo de vida? Vivemos como pessoas batizadas em Cristo, livres? Ou vivemos segundo uma lógica mundana, corrupta, fazendo o que o diabo nos faz acreditar que é de nosso interesse?”
ESCÂNDALO DE CORRUPÇÃO
No início de dezembro, a polícia italiana prendeu 37 pessoas suspeitas de fazerem parte de uma rede criminosa que desviava dinheiro público voltado ao auxílio de pessoas em situação vulnerável. Suspeita-se que centros de imigrantes e acampamentos de ciganos nas periferias de Roma tenham sido alvos do grupo, que congregava políticos, administradores de empresas públicas e membros de grupos de extrema-direita.
Entre os documentos reunidos pelo Ministério Público italiano, estão transcrições de ligações telefônicas que mostram que a rede se aproveitava de graves problemas sociais. “Você tem ideia de quanto pode lucrar com os imigrantes?”, diz um dos presos, referindo-se aos subsídios do governo para fornecer serviços a um campo temporário de imigrantes no país. “O tráfico de drogas dá menos dinheiro”.
Entre as pessoas que estão sendo investigadas por fazerem parte do grupo, está o ex-prefeito de Roma, Gianni Alemanno, aliado do ex-premiê Silvio Berlusconi. Ele nega as acusações.
Após as prisões, o prefeito da capital italiana, Ignazio Marino, ordenou uma revisão dos contratos da cidade. O premiê do país, Matteo Renzi, também propôs que as leis anticorrupção italianas sejam reforçadas.