O Papa Francisco visitou hoje (6) a Bósnia-Herzegovina durante pouco mais de 10 horas, em uma deslocação rodeada de fortes medidas de segurança, depois da divulgação de um vídeo em que supostos membros do grupo radical Estado Islâmico apelavam a jihad na zona dos Balcãs.
Perante 65 mil fiéis concentrados no estádio olímpico, o Papa disse sentir “um clima de guerra” no mundo, “deliberadamente alimentado por aqueles que procuram o confronto entre culturas e civilizações”.
O Presidente bósnio garantiu ao Papa que todas as comunidades estão “prontas para trabalhar pela redução dos nacionalismos”, ao mesmo tempo que aproveitou para pedir o “total apoio” do Papa Francisco na adesão da Bósnia, e dos outros países dos Balcãs, à União Europeia (UE).
A Bósnia é “parte integrante da Europa”, respondeu o Papa, advertindo, no entanto, que o país deve respeitar a igualdade de todos os cidadãos perante a lei, condição “indispensável” para uma futura integração na UE.
O país tem 3,8 milhões de habitantes, entre 40% de muçulmanos, 31% de sérvios ortodoxos e cerca de 10% de croatas católicos.
Outro dos pontos altos da visita foi o encontro do Papa Francisco, na Catedral de Sarajevo, com representantes da comunidade católica, cujo número tem vindo a diminuir desde o fim da guerra, em 1995.
Foi nessa altura que o Papa ouviu o testemunho emocionado do sacerdote Zvonimir Matijevic que, em lágrimas, contou como foi detido pelas forças sérvias durante a guerra e como conseguiu escapar da morte.
O Papa levantou-se para beijar as mãos do sacerdote e, posteriormente, na sua intervenção disse: “Você não tem o direito de esquecer a sua história, não para fazer vingança, mas para fazer a paz”.
O Papa pediu aos católicos da Bósnia para permanecerem no país, apesar de mais de 300 mil terem abandonado o território desde a década de 1990 e outros 800 mil antes da guerra.
Antes do fim da sua visita, o Papa optou por abandonar o último discurso programado e decidiu responder a perguntas de jovens.
Perante aplausos, o Papa sublinhou que eles representam “a primeira geração pós-guerra” e que sobre os seus ombros descansa a esperança de um futuro em paz e harmonia de todas as comunidades do país.
A guerra da Bósnia ocorreu entre 1992 e 1995 e fez cerca de 100 mil mortos.