O Papa Francisco decidiu investigar o padre esloveno Marko Ivan Rupnik, acusado de abuso sexual e psicológico. O comunicado sobre a investigação do pontífice foi emitido nesta sexta-feira (27) pela Santa Sé.
De acordo com a nota, o Papa optou por investigar o caso de Rupnik, expulso dos jesuítas, a Companhia de Jesus – ordem a qual era membro –, em julho deste ano.
Veja o comunicado emitido pela Santa Sé:
“Em setembro, a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores chamou a atenção do Papa para a existência de sérios problemas no tratamento do pedido do caso do Padre Marko Rupnik e falta de divulgação às vítimas.
Consequentemente, o Santo Padre pediu ao Dicastério para a Doutrina da Fé que analisasse o caso e decidiu suspender a prescrição para permitir a realização de um processo.
O Papa está firmemente convencido de que, se há algo que a Igreja deve aprender do Sínodo, é ouvir com atenção e compaixão aqueles que sofrem, especialmente aqueles que se sentem marginalizados da Igreja”.
Expulsão
Rupnik é o responsável pelos mosaicos gigantes no Santuário Nacional de Aparecida (SP). Em junho deste ano, ele foi demitido dos jesuítas. Antes, em fevereiro, ele já havia sido proibido pela Companhia de realizar qualquer obra pública.
Ainda neste ano, em julho, a Companhia de Jesus tomou uma nova decisão: a de expulsar Rupnik da entidade. A decisão aconteceu após investigação dos jesuítas sobre os casos ocorridos em um período de mais de trinta anos.
Os jesuítas determinaram que Rupnik mudasse de comunidade e aceitasse uma nova missão, mas ele se recusou. Depois da demissão, o esloveno tinha um mês para contestar a decisão, o que não aconteceu.
Obras em Aparecida
O padre esloveno é o artista principal do trabalho que está em andamento desde 2019 e prevê quatro mosaicos para enfeitar as fachadas do maior templo católico do Brasil.
Uma parte, que fica na principal entrada do Santuário Nacional, já foi concluída e inaugurada em 2022. São quatro mil metros quadrados de mosaico com cerca de 50 metros de altura que retratam cenas bíblicas. As pedras usadas no mosaico são do Brasil, França, Grécia e Afeganistão.
A Fachada Sul também foi concluída, mas não foi inaugurada pois há obras na Arcada dos Apóstolos, que fica exatamente ao lado. As outras duas estão programadas para sequência.
A previsão inicial era de que todo o trabalho levasse oito anos, mas houve atrasos na execução por causa da pandemia e não há uma data final estabelecida pela Basílica.
Em julho, o Santuário Nacional de Aparecida disse ao g1 que aguardava orientação da Igreja para definir a situação das obras após as denúncias conta Rupnik.
“As obras de revestimento da Basílica de Aparecida são uma concepção e execução de mosaicistas do Centro Aletti. Como o padre é membro desta instituição, o Santuário Nacional acompanha com atenção o caso e aguarda orientações da Igreja para suas definições”.
Nesta sexta-feira (27) o g1 entrou em contato novamente com a assessoria do Santuário Nacional de Aparecida para saber se há atualizações sobre a obra, mas eles mantiveram a mesma posição de julho, pois aguardam o andamento das investigações pelo Vaticano.