Uma intensa troca de acusações marcou o debate entre os candidatos que disputam o segundo turno da eleição para governador do Rio, Eduardo Paes (DEM) e Wilson Witzel (PSC), promovido na noite desta quinta-feira (18) pela TV Bandeirantes.
Em desvantagem de aproximadamente 20 pontos porcentuais, segundo as pesquisas de intenção de voto, Paes iniciou os ataques ao adversário lembrando, logo na primeira pergunta, que Witzel foi chamado de “frouxo” pelo então candidato Romário (Podemos), durante um debate anterior ao primeiro turno. Paes acusou o adversário, que foi juiz federal criminal, de ter pedido transferência da Vara Federal em que trabalhava no Espírito Santo por não ter coragem de enfrentar criminosos.
Witzel negou ter fugido do confronto e explicou que pediu transferência por razões pessoais que nada tinham a ver com o fato de ter condenado muitos criminosos.
Em boa parte do debate, cada candidato acusou o outro de ser ligado a pessoas investigadas ou condenadas pela Justiça. Witzel lembrou que Paes, enquanto prefeito então filiado ao MDB, teve ligações com o ex-governador Sérgio Cabral, preso e condenado a mais de 183 anos de prisão por corrupção, e com o deputado estadual Jorge Picciani, então presidente da Assembleia Legislativa e hoje também preso por suspeita de corrupção.
Paes, que era do mesmo partido de Cabral e Picciani, respondeu que, como prefeito, precisou conviver com políticos que ocupavam cargos nos poderes Executivo e Legislativo, independentemente de sua lisura ética.
Na própria resposta, Paes já acusou o adversário de ser “empregado” do Pastor Everaldo, que é presidente do partido ao qual Witzel é filiado. Everaldo foi ligado ao ex-deputado federal Eduardo Cunha e teria recebido dinheiro para apoiar Aécio Neves na eleição presidencial de 2014.
“(Everaldo) é teu patrão, paga teu salário desde que você pediu exoneração do cargo de juiz”, afirmou. Witzel negou que haja qualquer irregularidade na ligação dele com o pastor e retrucou a acusação: afirmou que Paes, com medo de ser derrotado, já antes da oficialização das candidaturas “foi pedir ao pastor Everaldo que eu fosse seu vice”. Paes afirmou que “tomar cafezinho eu posso tomar, o que eu não aceito é ser empregado de alguém que é investigado na Lava Jato”, referindo-se ao presidente do PSC.
Witzel detalhou planos para a segurança pública e fez frequentes menções a policiais e militares, além de repetir que apoia o candidato Jair Bolsonaro (PSL) para presidente da República. Em outro trecho do debate, chamou Paes de “soldado do Lula”, tentando ligá-lo ao PT. “Eu não sou soldado do Lula coisa nenhuma”, respondeu o candidato do DEM: “Me relacionei com três presidentes e dois governadores” durante os oito anos de mandato como prefeito do Rio.
Na última pergunta ao adversário, Paes relembrou que Witzel estava presente no ato em que dois então candidatos a deputado quebraram uma placa de rua feita em homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada em 14 de março. Witzel afirmou que não compactua com nenhum desrespeito à vereadora e se prontificou a, enquanto governador, colaborar pessoalmente com a investigação do crime, ainda não elucidado.
Até durante as considerações finais Paes tentou destacar supostas vantagens em relação ao adversário: afirmou que é vascaíno, enquanto Witzel, que nasceu em São Paulo, é palmeirense.