“Mãe de todas as igrejas” e “novo cartão postal de São Paulo”. O padre Marcelo Rossi coleciona expressões para definir o Santuário Theotokos – Mãe de Deus, que será inaugurado amanhã, ainda incompleto, após sete anos em construção.
Novo palco das missas do sacerdote-cantor, o templo, em Interlagos (zona sul da capital), poderá abrigar 100 mil fiéis quando estiver totalmente pronto e será o maior da Igreja Católica no Brasil em capacidade de público.
Até a semana passada, o padre celebrava em um galpão alugado que recebia, no máximo, 13 mil pessoas, muitas delas do lado de fora.
O novo espaço terá uma nave de 8.500 m², onde ficará o altar. Na área coberta, 6.000 fiéis assistirão à missa sentados e 14 mil de pé –a Prefeitura de São Paulo concedeu uma autorização parcial para o funcionamento com lotação de 20 mil espectadores.
Após o término da obra, que continuará nos dias em que não houver missa, 80 mil pessoas poderão ocupar a área externa, de onde também verão o altar –as 14 pilastras que sustentam a estrutura foram dispostas de modo a permitir a visão.
“A igreja precisa disso. O povo precisa de um lugar onde possa se concentrar em oração”, diz o padre Marcelo. O espaço funcionará como a nova catedral da Diocese de Santo Amaro.
Segundo o bispo da diocese, dom Fernando Figueiredo, a matriz atual, no largo 13 de Maio, tem capacidade para 400 pessoas e é insuficiente para abrigar eventos como crismas, que agora irão para o Santuário.
“Um único setor de Santo Amaro tem 1.500 jovens em cada crisma, mais os padrinhos”, diz Rossi. Ele espera que o templo se torne um novo ponto turístico na cidade.
“Mesmo quem não for católico vai querer passar para ver”, afirma. O projeto do arquiteto Ruy Ohtake tem teto azul em forma de onda e uma cruz de 42 metros de altura.
Outros pontos de atração, segundo o sacerdote, são as pinturas de Nossa Senhora e uma reprodução da “Pietà”, de Michelangelo, na cripta abaixo do altar. Rossi pretende ser sepultado no local, que só poderá receber padres e bispos da Diocese de Santo Amaro. “Senão, até padre de Pernambuco iria querer ser enterrado aqui”, diz.
O religioso nega que esteja tentando se contrapor aos megatemplos que igrejas evangélicas como a Assembleia de Deus e a Universal do Reino de Deus estão construindo em São Paulo.
“Não pensei nos evangélicos. Tenho respeito enorme por eles, mas há igrejas como a Assembleia de Deus, que têm doutrina, e há seitas”, diz o padre, evitando nominar as igrejas do segundo grupo.