domingo, 22 de setembro de 2024
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Ouro e fundos cambiais lideram ranking de investimentos em 2014

Incertezas em relação ao rumo da economia brasileira e a possibilidade de um aumento antecipado nos juros dos Estados Unidos, na esteira da consistente melhora nos indicadores americanos, provocaram uma…

Incertezas em relação ao rumo da economia brasileira e a possibilidade de um aumento antecipado nos juros dos Estados Unidos, na esteira da consistente melhora nos indicadores americanos, provocaram uma corrida entre os investidores por aplicações consideradas de menor risco, como ouro e dólar, em 2014.

Esse tipo de investimento dominou o ranking de aplicações elaborado pela Folha tanto em dezembro quanto em 12 meses. O levantamento já considera o rendimento descontado o Imposto de Renda, quando incidente.

Vale destacar que, quando há perda, o IR não é cobrado. No caso dos fundos de investimento, os cálculos usam como base os dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Em dezembro, o ouro teve valorização de 4,21%, ampliando o ganho no ano a 12,04%. Já os fundos cambiais subiram 4,17% no mês e 11,99% em 2014.

Os fundos de renda fixa, que acompanham as taxas de juros, avançaram 0,5% em dezembro e 9,31% no ano. Esses fundos investem em títulos de dívida prefixada, que pagam uma taxa acima do juro básico (Selic) para compensar o risco de eventuais flutuações.

A poupança teve rendimento de 0,61% no mês –abaixo da inflação de 0,79% esperada para o IPCA (índice oficial) em dezembro. Em 12 meses, no entanto, a caderneta teve ligeira vantagem, com ganho de 7,08%, ante projeção para inflação acumulada de 6,38%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central.

Já os fundos de ações livre –opção para o pequeno investidor que quer aplicar em Bolsa– tiveram queda de 4,61% no último mês do ano. Em 2014, perderam 0,83%.

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RISCO

“O dólar é a moeda mais conversível do mundo. Todas as economias têm liquidez de dólar, que pode ser trocado em qualquer país. E o mais importante: pertence a uma economia que cumpre contratos e não quebra regras estabelecidas, por isso é visto como seguro. Já o valor do ouro historicamente acompanha o dólar”, disse Eduardo Velho, economista-chefe da gestora Invx Global Partners.

Para ele, a aversão ao risco reflete três mudanças “estruturais” na economia global: o desaquecimento da China, o fortalecimento dos Estados Unidos após o fim do programa de estímulo econômico naquele país e a consequente expectativa de aumento nos juros americanos em 2015, além da forte queda no nível dos preços das commodities.

“Os emergentes são os que mais sofrem com essas mudanças, especialmente com a saída de recursos que voltam aos EUA. A forte desvalorização das moedas nesses países abre brechas para ataques especulativos, como o que vimos recentemente na Rússia”, afirmou Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.

PERSPECTIVA

A avaliação dos economistas é que esse novo cenário deve se manter nos próximos dois anos, especialmente com a valorização do dólar. Mas consultores em finanças pessoais ressaltam que o pequeno investidor não deve se entusiasmar com a valorização da moeda americana e concentrar seus recursos em aplicações relacionadas ao câmbio, pois a oscilação nesse mercado é grande.

A recomendação dos especialistas é que procure por essas alternativas somente quem tem despesas em moeda estrangeira, como com estudo ou com família no exterior.

As atenções futuras, dizem analistas, se concentrarão nas medidas adotadas pela nova equipe econômica de Dilma Rousseff (PT) e os desdobramentos da operação Lava Jato da Polícia Federal envolvendo a Petrobras.

“Tivemos muitas notícias ruins em 2014. Não dá para dizer que isso já está precificado e que, se o cenário piorar, não haverá mais queda na Bolsa ou alta no dólar. Mas qualquer sinalização positiva de que as medidas tomadas surtirão o efeito esperado já pode ser um driver favorável para os mercados”, avaliou Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

As recentes mudanças anunciadas pelo governo ajudam, como regras mais rígidas que devem reduzir o pagamento de benefícios como pensão por morte, auxílio-doença, abono salarial, seguro-desemprego e seguro defeso, segundo Eduardo Velho.

“Isso já deveria ter sido feito há tempos. Parece que a nova equipe vai tentar reduzir um pouco suas despesas no longo prazo. Isso é bom para evitar o rebaixamento de rating do país, mesmo com aumento nos juros e piora na dívida pública em 2015.”

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