sábado, 9 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

Os advogados do petismo

Protegidos, impunes e amados. Usam o vermelho como símbolo e, por isso, têm salvo-conduto para assaltar 220 milhões de pessoas. Possuem advogados renomados, bem pagos e igualmente impunes quando assaltam…

Protegidos, impunes e amados. Usam o vermelho como símbolo e, por isso, têm salvo-conduto para assaltar 220 milhões de pessoas. Possuem advogados renomados, bem pagos e igualmente impunes quando assaltam as leis e ofendem 220 milhões de brasileiros. São os advogados do petismo. Os ministros do STF.

Antônio Dias Toffoli não é o maior e muito menos o que possui “notável saber jurídico” que o diferencie ante os outros dez. Engana-se quem coloca o mariliense, ex-caipira do interior paulista, como líder de alguma coisa entre os togados do Supremo.

Há um revezamento desta liderança a cada época e a cada interesse do petismo de Lula e seus comparsas.

Recentemente foi a vez do hoje aposentado Ricardo Lewandowski atender aos interesses do grupo vermelho ao cancelar condenações antes aprovadas pelos 11. Gilmar Mendes, também há pouco tempo, chocou a parcela de bem do Brasil ao elogiar, chorando, o trabalho de Cristiano Zanin, então advogado particular de Lula e, acredite, atual ministro do STF.

Agora, e mais uma vez, a corte da suprema justiça brasileira atua como escritório de advocacia do grupo de Lula e do petismo com Toffoli anulando todas as provas carimbadas por procuradores do Ministério Público nas muitas etapas da operação Lava Jato, que levaram à condenação e à prisão o líder e outros 40.

Uma leitura da decisão de Tóffoli – quase incompreensível pelo uso exagerado de termos jurídicos, o juridiquês da maquiagem técnica – mostra que ser bizarro, esdrúxulo e irresponsável não pesa nada no currículo de um togado. Ele decide pelo que acha e não por provas ou leis quando os envolvidos são de seu grupo de apoio. É o caso.

Tóffoli gasta mais de 100 páginas em sua sentença monocrática para afirmar, sem provar nada, que o Estado foi usado “por uma organização corrupta” instalada no Ministério Público para, com força, conspirar em busca de favorecimentos e degraus políticos.

Errático, o advogado togado da hora põe em mira todos os que compuseram a operação no âmbito do MP – que, para ele, foi um braço do bolsonarismo, da direita, do conservadorismo que ameaçam a hegemonia petista das instituições e dos poderes da República e, sempre na opinião de Alexandre de Morais, põem a democracia em risco.

O ministro não pensou, certamente porque não conseguiria, que a anulação das provas materiais da criminalidade impune do grupo vermelho não foram geradas apenas por procuradores e técnicos do MP, mas também e principalmente ratificadas por juízes, desembargadores e até ministros da corte da suprema justiça.

Ele não sabia que, antes de chegar aos julgamentos nas três instâncias da Justiça – definidas na extinta constituição de 1988 – que as provas passaram por carimbos da Receita Federal, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e de mais de uma centena de órgãos internacionais, de uma dúzia de países, e que, por isso, produziram certificações de sua validade?

Se Tóffoli não leu as sentenças do colegiado, lembro a ele que somente nos casos do sítio de “seu amigo” de Atibaia ou do triplex do Guarujá (SP) que era “o sonho de dona Marisa”, há uma dúzia e meia de provas documentadas da propina que transitou pelo Bancoop e que foram encontradas na casa de Lula, no sítio e nos escritórios da empreiteira OAS.

Ele deveria estar fora do planeta quando ex-diretores da OAS e de dezenas de outras empresas atoladas na lama da corrupção confirmaram o pagamento de propina ao grupo do salvo-conduto. O mundo inteiro assistiu estarrecido ao descalabro da corrupção institucionalizada no país. Tóffoli não viu nada.

Cristiano Zanin, que agora faz oficialmente parte do escritório do petismo, se esmerava em contestar delações, depoimentos e provas aceitas por seus novos colegas. Tudo em vão porque, à época, a justiça suprema jogava com a torcida que queria ver Lula e os demais na cadeia. Hoje, não, claro. O escritório tem um cliente forte e financeiramente poderoso, como afirmou Gilmar Mendes sobre os R$ 6 bilhões roubados só da Petrobras pela quadrilha.

Mas, monocraticamente, o militante togado ignora que as provas anuladas por sua canetada estão em pleno uso por países por onde os braços do esquema de corrupção se estenderam, como confessou Marcelo Odebrecht, o criador do departamento de propinas na empresa de seu pai.

A decisão do apadrinhado político de Lula no Supremo revela apenas uma inconsistência em todo o processo: o comportamento posterior dos mesmos ministros que ratificaram as condenações do chefe durante sua prisão, em 2018.

Em um roteiro bem conhecido, o enterro da Lava Jato por Tóffoli será seguido da articulação da militância incansável que se instalou em outros níveis do Judiciário, da bem paga bancada governista do Congresso, de classes profissionais que se valem da sobra da carniça e, claro, da imprensa adestrada com dinheiro público. Há ainda um Brasil sério, que não aceita o esquema da quadrilha.

Por isso, não será fácil nem possível reescrever a história com a limpeza da ficha de Lula, do que levou ao impeachment de Dilma Rousseff e a condenação dos comparsas porque o pau do galinheiro é sujo demais.

*Jornalista com passagem pela Folha de São Paulo, O Liberal, TVC MS, Diário da Região e Canal do Boi em editorias de Economia, Política e Agronegócio. Atua no rádio desde 1974 como diretor, produtor e apresentador. Conectado no noticiário do agronegócio brasileiro e comentarista, é colunista do portal regiaonoroeste.com e de jornais do Estado de São Paulo. Atualmente comenta as principais notícias do agro no canal Fator Político BR.

Notícias relacionadas