A Orquestra de Violeiros de Fernandópolis apresentará na próxima segunda-feira 13, às 20h, no Teatro Municipal, o show “Tropas e Boiadas”, inspirado na exposição fotográfica “Pelos Caminhos da Estrada Boiadeira”, aberta a visitação do público na Biblioteca Municipal. A ideia do show é do maestro Francisco Ferreira de Souza, o Thito, regente da orquestra e monitor da Secretaria Municipal da Cultura.
Thito justifica o evento paralelo à mostra fotográfica: “Boa parte das músicas que mais gosto de tocar e cantar tem como tema a tradição de tanger boiadas pelo sertão”, argumentou. Ele cita clássicos como “Boi Soberano”, “Boiada Cuiabana” e a antológica “Boiada”, de Zé Paioça (“Poeira vai levantando/No céu formando um letreiro/Se espalha em letras de pó/Lembranças de um boiadeiro”).
O ingresso para assistir a apresentação é um litro de leite longa vida, que será doado ao Parque Residencial São Vicente de Paulo (asilo). Mais informações na Secretaria Municipal de Cultura pelo telefone (17) 3442 3797.
RITO DE PASSAGEM
O maestro nasceu e foi criado próximo (“quase dentro”, diz) da Estrada Boiadeira, no município de Aparecida do Taboado, região do leste do Mato Grosso do Sul fronteiriça ao Estado de São Paulo. Ainda menino, Thito viu passarem inúmeras boiadas. Naquele tempo, segundo o músico, a região era coberta pelos campos de cerrado: “a braquiária só viria na segunda metade dos anos 70”, revela.
Havia três pousos de boiada famosos na região: o de Miguel Cunha, o Da Negrinha e Do Ercílio. Nesse último, conta o músico, os peões dormiam em redes, enquanto o capataz utilizava-se do único quarto de hóspedes. Havia ali uma bodega, onde se vendia cachaça e fumo de corda. “Às vezes, algum cantador ou sanfoneiro alegrava a noite no pouso”, comentou.
A infância e adolescência do maestro coincidiram com o final daqueles tempos de comitivas tangendo boiadas: elas foram paulatinamente sucedidas pelos caminhões, que se locomoviam pelas estradas de rodagem. Era o fim de uma era romântica, que hoje só existe nos “causos” contados pelos mais antigos – e nas canções que o maestro e grandes nomes do cancioneiro popular, como Sérgio Reis e Almir Satter, não se cansam de entoar.