De volta ao Brasil após 30 anos, a Copa América será realizada “100% com recursos privados”. Ao menos esta é a promessa dos organizadores do evento, repetindo um mantra visto antes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 – e que, no fim das contas, não se comprovou.
Em 2009, quando o Brasil foi confirmado como sede da Copa de 2014, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, declarou que “o modelo de organização da Fifa é um modelo de organização o mais privado possível”, e que o Comitê Organizador Local (COL) não receberia “um centavo” de dinheiro público. Mas a construção ou reforma de estádios, quando não foram feitas exclusivamente com recursos da União, contou com linhas de financiamentos facilitadas e isenção de impostos.
Nos Jogos do Rio-2016, a história se repetiu. Durante vários anos, o Comitê Organizador – responsável pela execução da Olimpíada – garantiu que seu orçamento seria formado inteiramente por recursos privados. Mas, às vésperas do início da competição, precisou recorrer a patrocínios de estatais e a verbas da Prefeitura do Rio para conseguir organizar a Paralimpíada. E, ainda assim, a conta não fechou.
A promessa, contudo, é de que agora a situação será diferente. “A Copa América de 2019 será financiada 100% com recursos privados, e nós não gozaremos de nenhum benefício tributário”, garantiu Agberto Guimarães, diretor de Operações do COL da Copa América, e que também esteve na organização do Rio-2016. “O comitê (que organiza a Copa América) é organizado 100% por profissionais com conhecimento.”
Com ingressos chegando a custar R$ 890 para a final, a promessa é de que o trabalho dos cambistas será dificultado. O problema foi visto tanto na Copa do Mundo quanto na Olimpíada, em esquemas que envolviam até mesmo pessoas ligadas à venda oficial de bilhetes. Os casos ficaram conhecidos como “máfia de ingressos”.
“Tudo na vida é aprendizado, bom ou ruim. Houve fatos ruins que aconteceram, e a gente tem que tomar cuidado para que eles não se repitam. Os órgãos que fiscalizam segurança em qualquer lugar do mundo, são os órgãos públicos. Nós já iniciamos conversa com eles”, disse Guimarães.
O COL da Copa América limitou a venda de ingressos por pessoa, mas o número de bilhetes que cada um poderá comprar é bastante razoável: até cinco ingressos por jogo, para um máximo de sete partidas. Assim, cada torcedor poderá comprar até 35 entradas.
Para Thiago Jannuzzi, gerente geral de Competição da Copa América, o número é adequado. “São cinco ingressos por jogo, e ele não pode comprar ingressos para jogos do mesmo dia. É uma quantidade bem razoável, para o público poder ir com as famílias”, considerou.