No Dia Internacional da Mulher, lembrado hoje (8), a representação da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil destacou a importância da divulgação de informações precisas e claras como ferramenta de empoderamento das mulheres. Conhecer os direitos à saúde, incluindo a sexual e a reprodutiva, é considerado pela entidade como fundamental para a tomada de decisões seguras.
Veja abaixo algumas mensagens divulgadas pela Opas sobre Zika e microcefalia que se relacionam diretamente com a saúde das mulheres:
Mães com Zika também podem amamentar
As mães com infecção suspeita, provável ou confirmada pelo vírus, durante a gravidez ou depois do parto, devem receber o apoio profissional dos cuidadores para iniciarem e manterem a amamentação, como todas as outras mães. Nos casos em que o bebê está ou possa estar infectado, o aleitamento também deve ser feito normalmente. A Opas recomenda que a criança comece a ser amamentada uma hora depois de nascer e continue sendo alimentada exclusivamente pelo leite da mãe até os seis meses. A partir desse período, o aleitamento deve permanecer até os 2 anos de idade ou mais, com a introdução oportuna de outros alimentos adequados e seguros. As mães e as famílias dos bebês nascidos com anomalias congênitas, como microcefalia, também devem receber apoio para amamentarem os seus bebês de acordo com as recomendações da Opas.
Recomenda-se uso de camisinha para prevenir a possível transmissão sexual de Zika
As evidências de transmissão sexual de Zika são limitadas, sendo necessários mais estudos para confirmar ou descartar esta hipótese. Neste momento, a Opas recomenda que parceiros de mulheres grávidas, que moram ou retornaram de áreas com circulação do vírus, devem praticar sexo seguro (incluindo o uso correto e consistente de camisinha) ou se absterem de atividades sexuais ao longo de toda a gravidez.
Mulheres que fizeram sexo sem proteção e possam estar infectadas com o vírus Zika podem ter acesso à pílula do dia seguinte
Em geral, a pílula do dia seguinte e outros métodos contraceptivos são distribuídos gratuitamente nas mais de 41 mil unidades básicas de saúde do Brasil, sem que seja necessária qualquer explicação. Os profissionais desses estabelecimentos também oferecem orientação sobre reprodução e direitos sexuais.
Crianças com microcefalia que são estimuladas se desenvolvem melhor
A publicação “Apoio psicossocial para mulheres grávidas e famílias com microcefalia e outras complicações neurológicas no contexto do vírus Zika” apresenta dicas para promover o desenvolvimento da criança, conforme a idade (de recém-nascido a crianças com mais de 2 anos), como olhar o bebê nos olhos e conversar com ele; esconder o brinquedo favorito dele debaixo de uma caixa para ver se consegue encontrá-lo; ensinar a se comunicar com as mãos (a exemplo do movimento feito para dar tchau); ajudar a criança a contar, nomear e comparar objetos; entre outras. Outra orientação para os profissionais de saúde é explicar que muitos bebês com microcefalia não apresentam transtornos do desenvolvimento ou outras complicações neurológicas graves.
São falsos os boatos associando vacinas para gestantes com microcefalia
A Opas esclarece que são falsos os boatos associando vacinas para gestantes com microcefalia. A vacinação é um ato preventivo de promoção e proteção da saúde, considerado prioritário pela organização por beneficiar a mãe e o bebê. O Programa Nacional de Imunizações brasileiro segue o conceito de vacinação segura da Opas, que envolve um conjunto diferenciado de aspectos relacionados ao processo de vacinação. As vacinas que a organização recomenda para as gestantes e que são oferecidas no Sistema Único de Saúde são seguras e eficazes.
Apenas uma em cada quatro pessoas apresentam sintomas de infecção por Zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve
As grávidas têm o mesmo risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus Zika, que é transmitido pela picada de um mosquito Aedes contaminado. Muitas delas podem não saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada quatro pessoas apresentam sintomas de infecção por Zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve. Os sintomas mais comuns são febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado. Atualmente, está sendo investigado qual o efeito que esse vírus poderia ter sobre os fetos. As autoridades de saúde brasileiras, com apoio da Opas e outras agências, estão promovendo várias investigações que buscam esclarecer a causa e os fatores de risco para desenvolvimento da microcefalia.
Gestantes e mulheres em idade reprodutiva devem evitar a exposição a picadas de mosquito
Para evitar picadas de mosquitos e reduzir o risco de infecção, a OPAS/OMS recomenda:
– Descansar sob mosquiteiros (redes de cama) impregnados ou não com inseticidas.
– Usar roupas que minimizem a exposição da pele, como calças e camisas de manga comprida.
– Os repelentes que contêm o princípio ativo DEET, IR3535 ou Icaridina podem ser aplicados na pele exposta e devem ser usados em conformidade com as instruções do rótulo do produto. Não há evidência sobre restrição do uso dos repelentes com esses princípios ativos em gestantes se forem usados de acordo com as instruções do rótulo do produto.
– Usar telas em portas e janelas.
– Procurar um serviço de saúde em caso de sintomas de dengue, chikungunya e Zika.
– Adotar medidas preventivas para acabar com os focos do mosquito Aedes aegypti. Por exemplo, manter recipientes – como caixas d’água, barris, tambores, tanques e cisternas – completamente fechados e não deixar água parada em vasos de plantas, garrafas, pneus, latas, calhas de telhados e outros locais em que a água da chuva é coletada ou armazenada.
A decisão de engravidar é da mulher
Isso vale tanto para aquelas que vivem quanto para as que viajam a áreas com circulação do vírus. Adiar a gravidez é uma decisão muito pessoal e um direito da mulher. Caso uma gestante ache que foi exposta ao Zika, deve consultar o serviço de saúde para que a gravidez seja acompanhada de perto. O acesso adequado às consultas de pré-natal em áreas com circulação do vírus é muito importante. A Opas está instando os países a assegurar que as mulheres tenham informação completa sobre os riscos, acesso a serviços de saúde reprodutiva, incluindo contraceptivos, e informações sobre os serviços de apoio que podem esperar receber depois de dar a luz.