segunda, 23 de dezembro de 2024
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OMS contesta estudo sobre câncer publicado em revista científica

A Organização Mundial da Saúde contestou um estudo publicado na prestigiada revista científica Science. O estudo concluiu que a maioria dos tipos de câncer começa por acaso e independentemente do…

A Organização Mundial da Saúde contestou um estudo publicado na prestigiada revista científica Science. O estudo concluiu que a maioria dos tipos de câncer começa por acaso e independentemente do estilo de vida das pessoas.

As críticas vieram menos de 15 dias depois publicação do estudo. A Agência Internacional para Pesquisa em Câncer, que faz parte da Organização Mundial da Saúde, discordou das conclusões da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

O estudo diz que 65% dos casos de câncer são resultado de uma espécie de loteria no processo de divisão das células-tronco. Os cientistas afirmam que as células-tronco estão em constante renovação no nosso corpo, e quanto mais se dividem, maior o risco de ocorrer uma mutação, um defeito genético aleatório que leva à doença. E concluíram: o risco de alguém desenvolver câncer, na maioria das vezes, é pura falta de sorte.

Para a Organização Mundial da Saúde, a pesquisa minimiza a importância da herança genética e de fatores ambientais como causas do câncer. E o estudo apresenta uma séria de falhas, como a ênfase em tipos muito raros da doença.

Segundo a OMS, o relatório, exclui alguns cânceres comuns, como: de estômago, colo do útero e mama, conhecidos por estarem associados a infecções e ao estilo de vida. Além disso, a pesquisa se concentra exclusivamente na população dos Estados Unidos.

Luís Felipe Ribeiro Pinto é representante do Brasil no Conselho Científico da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer. Ele diz que o estudo não levou em conta informações comprovadas cientificamente em outras partes do mundo.

“Não contrapõe os milhares de trabalhos que mostram inequivocamente que em torno de 70%, 80% dos tumores que acometem seres humanos têm já fatores de risco claramente identificados. Nós já vemos hoje em dia, que a redução, por exemplo, do tabagismo no Brasil, está levando a queda do câncer de pulmão em brasileiros”, diz Luís Felipe Ribeiro Pinto.

Cientistas ligados a Organização Mundial de Saúde são enfáticos. Afirmam que a prevenção é o melhor caminho para evitar vários tipos de câncer. E lembram: aquelas dicas, que muita gente diz estar cansada de ouvir, ainda são grandes aliadas.
“Exercício físico, moderação com álcool. Não fumar e não deixar ninguém fumar ao seu lado, além disso, evitar o consumo de gordura, de fritura. Essas são as medidas passíveis de prevenção”, explica Luís Felipe Ribeiro Pinto.

Um dos cientistas que participaram da pesquisa disse que está preparando um relatório técnico sobre o trabalho. Ele afirmou que não vai falar com jornalistas antes de terminar esse documento.

Em uma entrevista publicada há uma semana no site da Universidade Johns Hopkins, os pesquisadores disseram que o estudo tinha sido mal interpretado. E ressaltaram que o câncer é causado por uma combinação de muitos fatores.

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