A variante ômicron do coronavírus já está presente em 58,5% dos casos de covid-19 analisados no mundo, tendo, portanto, ultrapassado a delta e se tornado dominante em nível global, apontou a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O relatório epidemiológico semanal divulgado nesta terça-feira (11/01) pela OMS afirma que, dos mais de 357 mil casos sequenciados reportados à iniciativa global para o compartilhamento de dados sobre influenza e covid-19 (Gisaid, na sigla em inglês) nos últimos 30 dias, mais de 208 mil foram causados pela variante ômicron.
A variante delta, que foi a cepa dominante durante grande parte do ano passado, respondeu por 147 mil dos casos sequenciados (41%).
Dados também já apontaram que a ômicron, detectada inicialmente no sul da África e reportada à OMS no fim de novembro, se tornou a variante dominante no Brasil.
Dribla imunidade, mas é menos grave
O relatório destaca haver cada vez mais evidências de que a variante ômicron é capaz de “escapar à imunidade”, pois há transmissão mesmo entre os vacinados e pessoas que já tiveram a doença.
A OMS também destaca, por outro lado, “evidências crescentes” de que a ômicron é menos grave do que variantes anteriores do coronavírus Sars-Cov-2.
Apesar disso, em outro relatório da OMS também publicado nesta terça, a organização destacou que os riscos à saúde apresentados pela ômicron continuam sendo “muito altos”, pois ela pode levar a um aumento de hospitalizações e mortes em populações vulneráveis.
O recorde diário de casos em mais de dois anos de pandemia até o momento foi registrado no último dia 6, com mais de 2,6 milhões de diagnósticos positivos em todo o mundo, número que a própria OMS reconhece poder ser muito maior.
Desde então, a barreira de 2 milhões de casos foi ultrapassada em vários dias, e um pico de infecções ainda não foi confirmado, embora alguns países primeiramente afetados pela variante ômicron, como a África do Sul, pareçam ter atingido essa marca.
“Transmissibilidade sem precedentes”
Com a rápida disseminação da ômicron, especialistas pressupõem que logo será difícil evitar uma infecção. Nesta terça-feira, a OMS alertou que mais da metade da população da Europa poderá ter contraído a variante nos próximos dois meses se os números de infecções continuarem nas taxas atuais.
Também o imunologista Anthony Fauci, o principal assessor do governo dos EUA em relação à pandemia, prevê que, mais cedo ou mais tarde, a ômicron, “com seu grau de eficiência de transmissibilidade sem precedentes”, infecte quase todas as pessoas.
Fauci afirmou que também vacinados devem ser infectados, mas que a maioria deles não terá quadros graves da doença, e que os não vacinados serão os mais duramente atingidos.
Apesar dos relatos de um maior grau de casos assintomáticos e menor proporção de hospitalizações para casos da variante ômicron, a OMS disse que é muito cedo para tratar a doença como endêmica – no caso de uma doença mais leve que ocorre regularmente, como a gripe.
“Ainda temos um vírus que está evoluindo muito rapidamente e apresentando novos desafios. Portanto, certamente não estamos no ponto de poder chamá-lo de endêmico”, disse Catherine Smallwood, do Departamento de Emergências da OMS.