Completa nesta sexta-feira (5) exatamente um ano do escândalo publicado pelo jornal norte-americano “The New York Times” que mudou Hollywood.
O estouro de denúncias de estupros e assédios sexuais que originaram o movimento #MeToo culminaram em um tsunami de reações, como a recente denúncia de Christine Blasey Ford, que acusa o juiz indicado à Suprema Corte dos Estados Unidos Brett Kavanaugh de violência sexual.
Hoje, com o produtor Harvey Weinstein algemado, o ator Bill Cosby usando o uniforme laranja das prisões federais, o diretor Woody Allen produzindo provavelmente seu último filme e o cineasta Roman Polanski expulso do quadro de membros da Academia do Oscar, muito mudou desde o último 5 de outubro.
“Há 20 anos o produtor de Hollywood Harvey Weinstein convidou Ashley Judd a Beverly Hills, para o que a atriz achou que seria uma entrevista de emprego. Mas ele a fez subir para o quarto, se apresentou de roupão e pediu que ela lhe fizesse uma massagem ou lhe olhasse enquanto tomava banho”, escreveu o Times no começo de uma série de denúncias que mudou a história dos Estados Unidos.
Depois do escândalo, Weinstein teve sua vida virada do avesso.
Em três dias, foi demitido da Weinstein Co., estúdio que fundou com seu irmão e terminou em falência, teve o seu casamento acabado, e hoje, depois de diversas prisões domiciliares, ele aguarda o processo com primeira audiência para 8 de novembro, quando pode ser sentenciado à prisão perpétua.
O ator Kevin Spacey foi retirado de “House of Cards”, série na qual era protagonista, e viu a sua carreira queimar em outubro do ano passado. Louis C.K. foi um dos poucos que tentou se erguer depois do escândalo. O comediante se masturbava na frente das colegas.
As mulheres que quebraram o silêncio foram eleitas “Pessoa do Ano” pela revista “Time”, bem a tempo de dizer adeus da cena política ao senador democrata Al Franken, também acusado de cometer abusos sexuais. Já o chef americano Mario Batali, acusado de abusar de mulheres inconscientes, foi expulso do Eataly. A Amazon congelou o lançamento de “A Rainy Day in New York”, de Woody Allen, quando as denúncias feitas por sua filha adotiva, Dylan Farrow, reacenderam. O diretor não encontrou fundos para a estreia e talvez esse seja o último filme da sua carreira.
“Foi criada uma percepção de que certas coisas não são mais aceitáveis e que, quando se está em um sistema assim, é preciso levantar a voz e denunciar”, disse Nina Shaw, advogada e uma das fundadoras do grupo Time`s Up, movimento contra o assédio sexual fundado com o efeito Weinstein e ao #MeToo.
Ainda que Hollywood e Washington estejam distantes geograficamente, o escândalo de 5 de outubro pode causar efeitos no próximo 1º de novembro, nas eleições norte-americanas de meio mandato. A onda do #MeToo ajudou a bater um número recorde de mulheres candidatas, na maioria democratas, e isso pode ser determinante para uma mudança na política dos Estados Unidos. (ANSA)