quinta, 21 de novembro de 2024
Pesquisar
Close this search box.

O poste está mijando no cachorro

Seria intelectualmente desonesto de minha parte iniciar um artigo de opinião – do qual sou exclusivamente responsável – deixando de afirmar que o ativismo judicial ganha contornos de ditadura a…

Seria intelectualmente desonesto de minha parte iniciar um artigo de opinião – do qual sou exclusivamente responsável – deixando de afirmar que o ativismo judicial ganha contornos de ditadura a cada dia, a cada ato de ministros do STF. Por isso, friso e repito o que tenho afirmado dia após dia, desde 2018: o poste está mijando no cachorro. O poste está mijando no cachorro e nós, cidadãos antes considerados inteligentes e diligentes, estamos achando normal.

Um maluco, ligado politicamente a uma facção de adoradores do progressismo, ataca um candidato a presidente a facadas e nós, que rejeitamos a violência sempre que respondemos pesquisas do IBGE e até do Datafolha, e tentamos enganar Deus em nossas rezas decoradas, acreditamos que Adélio Bispo agiu sozinho.

Um presidente da República tem uma réplica de sua cabeça usada como bola de futebol e nada acontece com os organizadores da “pelada”. Achamos normal. É chamado de genocida como nenhum outro governante no mundo e fica tudo por isso mesmo. É perseguido por uma imprensa vendida, malandra, desqualificada moralmente, e nós continuamos assistindo aquele jornal das 20h30 e consumindo as besteiras daquele canal de televisão sacana. Assim, ficamos com a barriga cheia, mesmo com a cabeça vazia.

Um deputado federal é preso, condenado a mais tempo de prisão do que traficantes e assassinos, e nós aceitamos passivamente, pacificamente.

A OAB se mantém inerte e até admite que um grupo de advogados se forme para atacar a Presidência da República em favor de um candidato que o direito e as leis brasileiras classificaram como marginal, e tudo bem.

A polícia é proibida de subir o morro para combater o tráfico, claramente incentivando a liberdade do cometimento de crimes, e nós não fazemos nada.

Perfis, páginas de redes sociais e sites, jornais, revistas, rádios e profissionais da imprensa são calados, desmonetizados, censurados, presos e perseguidos – tudo bem, né? Afinal, não é com a gente mesmo.

Artistas de televisão, cantores, escritores e jornalistas se juntam em grupos para apoiar um candidato que prometia reabrir os cofres públicos via Lei Rouanet, liberando bilhões de reais para quem já tem muito dinheiro, e nós aplaudimos.

Empresários atolados até o pescoço em maracutaias, falcatruas, propinas e crimes em geral são descondenados e isentos de pagar multas devidas, mas nós não importamos porque, afinal, eles dão emprego, né?

Um ministro do STF favorece descaradamente empresários corruptos, cancelando multas e penas previstas em lei, e nós engolimos.

O governo torra R$ 2 milhões de reais por dia, acima do previsto no orçamento, e nós não reclamamos porque, afinal de contas, não faltam médicos e remédios nos postinhos, a educação pública é extraordinária e há segurança até demais em todo o país, certo?

O poste está mijando no cachorro ou não?

O STF atende a um pedido da PGR e permite a abertura de inquérito contra um deputado federal porque ele chamou um ladrão de ladrão e nós achamos isso normal?

Nós concordamos mesmo que o casal real, Lula e Janja, torre dinheiro público em viagens de lua de mel? Quando foi que concordamos?

As urnas são colocadas sob suspeita porque os votos não podem ser conferidos, auditados, contados publicamente como determina a Constituição, e não exigimos que a lei seja cumprida?

Nós concordamos que o governo que é pago pelo nosso dinheiro seja esbanjador?

Nós assinamos embaixo das declarações de apoio ao Hamás terrorista, ao Irã terrorista, ao Vladimir Putin, ao Xi Jinping, a Cuba, ao Noriega, ao Maduro ditadores? Quando foi isso? Eu e você estávamos em Marte ou em coma e não vimos isso?

Nós permitimos que um ditador parabenizasse o presidente eleito com votos de presos condenados; que navios de guerra iranianos atracassem em nossos portos; que imagens do circuito interno do Ministério da Justiça fossem “apagadas”; que brasileiros humildes fossem condenados como criminosos de gangues apenas porque se manifestaram em meio a um quebra-quebra muito suspeito e não fizemos nada? Verdade?

Admitimos que um ministro, um só entre 11, dominasse todo o Poder Judiciários e amedrontasse a Nação inteira com sua tirania e não reagimos? Não reagimos?

Estamos, sim, vendo o poste mijar, mijar, mijar no cachorro e estamos achando normal. Logo o poste estará mijando em nós.

Notícias relacionadas