sábado, 23 de novembro de 2024
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O ovo ou galinha?

O homem se prende já há milênios a se fazer e a responder perguntas. Há até os que se especializam nisso. Os charadistas. Deles vêm as mais intrigantes questões que…

O homem se prende já há milênios a se fazer e a responder perguntas. Há até os que se especializam nisso. Os charadistas. Deles vêm as mais intrigantes questões que fazem o ser humano refletir – muitas vezes, perder tempo – em questões que levam ao ser interior, ao interior da vida dos outros e, invariavelmente, a respostas que sempre geram novos questionamentos.

Saber ou questionar se isto ou aquilo vêm daqui ou dali, se valem o quanto pesam ou o inverso, se geraram ou foram gerados sempre deu… muito lucro.

As questões que se apresentam são frutos, geralmente, da descoberta de algo a mais para alimentação da intriga, da dúvida ou de afirmações, conclusões, que só provam teoricamente. Na prática, geralmente sucumbem, desmoronam.

E não é apenas na vida política do ser humano, em seus relacionamentos, que as interrogações se multiplicam. Na convivência de si “consigo mesmo”, nos bate-papos com a consciência, elas surgem em número bem maior que os de exclamações e de certezas.

Ninguém se conhece completamente a ponto de avaliar tudo de si nem para revelar-se por inteiro. O que se sabe será sempre superficial, mesmo em incursões da consciência, autoanálise, introspecções etc, ou por mais que a psicanálise, reversões, consultas espirituais, hipnose, confissões ou sedações possam se aprofundar no íntimo humano. Será sempre o outro a vasculhar o eu.

Dan Brown enriqueceu e contribuiu para tornar ainda maior a indústria da dúvida ao publicar “Código Da Vinci”. Mas, não inovou em nada do que fez Donato Carrisi, em “O Tribunal das Almas”, ou Stephen King, Agatha Christie e tantos outros que geraram mais interrogações do que certezas. E foi exatamente isso o que levou milhões de pessoas a sugarem suas publicações e a se identificarem nelas, pelo bem ou não.

Escritores do estilo não são charadistas simples. São especialistas no plantio de interrogações. Deus me livre deles!

Prefiro concluir que a galinha veio antes que o ovo. Pode discordar dela, se quiser.

VALDECIR CREMON
É jornalista e coordenador de jornalismo do Grupo RCN de Comunicação, Três Lagoas (MS)

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