Foram mais de 450 mil litros de água e cerca de 20 horas para apagar o incêndio que destruiu a tradicional loja de produtos agropecuários no centro de Rio Preto. Eloy Gonçalves diz que ficou aliviado ao saber que não havia vítimas: “O prejuízo foi apenas material”.
“O mais importante é que não houve vítimas. Todos os nossos funcionários estão bem. Agora é só contabilizar o prejuízo material, que nós vamos recuperar. O incêndio destruiu tudo, mas o nome da Agromonte ficou lá e nós vamos reconstruir”. Estas foram as palavras usadas pelo empresário Eloy Gonçalves ao falar sobre o incêndio que destruiu o prédio onde funcionava sua loja, no final da tarde de sexta-feira (23), no centro de Rio Preto.
O empresário que montou sua primeira loja de produtos agropecuários na cidade de Monte Aprazível, em 1986, contou que chegou a Rio Preto em 1997 e que atualmente tem mais de 30 mil clientes em todo o país.
O prédio que foi completamente destruído pelas chamas tem 2.400 m² e estava com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros vigente até março de 2019, confirmou o empresário. “Ter a documentação em dia é importante para atender bem o cliente, inclusive para participarmos de processos licitatórios. Entre nossos clientes está a Cavalaria do Estado”, acrescentou Eloy.
Ainda segundo Eloy Gonçalves, o prejuízo estimado é entre 15 e 20 milhões de reais e que o seguro deve cobrir entre 40 e 50% dos danos causados pelo incêndio. “O estoque estava todo dentro da loja. Ali era nosso armazém. Nós temos uma loja em Monte Aprazível e estamos estudando como continuar nossos trabalhos por lá. O pior já passou”.
“Passei por uma cirurgia e coloquei dois stent no coração há 38 dias. O susto foi grande, mas em primeiro lugar vem a vida. Como todos estão vivos, agora a gente se acalma e vai contabilizar o prejuízo”, acrescentou o empresário.
O incêndio:
As chamas atingiram o barracão por volta de 18h30 da tarde de sexta-feira (23). O turno já havia terminado e a loja já estava fechada.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, cerca de 30 homens e oito viaturas participaram do trabalho. Foram usados cerca de 450 mil litros de água nas quase 20 horas de trabalhos para conter o fogo. “O telhado metálico caiu e dificultou um pouco a entrada das equipes. Por baixo do material que caiu, ainda havia chamas. A gente precisou retirar o material para poder combater todos os focos de incêndio do local”, explicou Renato Neves Rodrigues, capitão do Corpo de Bombeiros.
A Defesa Civil acompanhou todo o trabalho de perto, para garantir a segurança dos bombeiros e fazer a perícia do prédio. “Só restaram as paredes, mas nós precisamos garantir que não tem risco de cair. O trabalho dos bombeiros termina e nós fazemos a avaliação depois”, explicou José Carlos Sá, diretor de riscos de acidentes da Defesa Civil.
As causas do incêndio devem ser apuradas pela perícia técnica e pela empresa seguradora.
“QUERO AGRADECER O APOIO E O CARINHO QUE RECEBEMOS DA POPULAÇÃO RIO-PRETENSE, QUE NOS TEM SIDO MUITO SOLIDÁRIA”, EMPRESÁRIO ELOY GONÇALVES
Os funcionários:
Com o encerramento temporário das atividades, os responsáveis pela empresa ainda não decidiram o futuro dos quase 70 funcionários, no entanto, Eloy Gonçalves garantiu que não haverá demissão.
“Ainda não sabemos se vamos adotar férias coletivas. Na próxima semana, vamos estudar com os advogados qual será a melhor forma de proceder. Temos a unidade de Monte Aprazível, que continua funcionando normalmente e deverá se tornar responsável por todo o atendimento que era prestado em Rio Preto, portanto devemos remanejar alguns funcionários”, explicou Eloy.
As cachorras:
Duas cachorras da raça Rottweiler, a “Pretinha” e a “Neguinha”, responsáveis pela segurança do prédio, não sofreram ferimentos. Elas foram salvas por funcionários da loja, ainda no início do incêndio.
“Elas estavam presas e não tinham para onde correr. Os funcionários conseguiram tirar elas do cercadinho sem nenhum arranhão. Elas passaram por atendimento veterinário e já está tudo bem”, explicou Eloy.
O prédio:
As imagens de praticamente todos os ângulos do incêndio foram compartilhadas inúmeras vezes nas redes sociais. As chamas chegaram a quase 20 metros de altura e moradores vizinhos ao local relataram diversas explosões.
De acordo com o jornalista e historiador Lelé Arantes, aquele não é o prédio da antiga Cooperativa Agropecuária Mista e de Cafeicultores da Alta Araraquarense, a Cafealta. “Não temos documentos que comprovem a data de construção daquele prédio. A Cafealta funcionava no prédio ao lado, que não foi atingido pelas chamas”, explicou o historiador.
Em frente o prédio, estava estacionada a caminhonete do empresário. O veículo não teve nenhum arranhão. “Eu fui fazer a cirurgia e meu sobrinho pegou a caminhonete e foi arrumar para vender. Deixou o veículo estacionado ali e a chave dentro da loja. Com o fogo, as chaves derreteram e não teve como tirar. Tiramos pela manhã, sem nenhum arranhão”, comemorou Eloy.
A solidariedade:
O empresário Eloy Gonçalves agradeceu toda a população rio-pretense pelo carinho que recebeu nas redes sociais. Foram inúmeras manifestações de solidariedade de populares, empresários e autoridades.
“Quero agradecer o apoio e o carinho que recebemos da população rio-pretense, que nos tem sido muito solidária. O apoio dos maquinários de diversas usinas de álcool e cana de açúcar da região também foi de grande ajuda para nós e para o Corpo de Bombeiros. Foram anos cuidando da semente plantada, agora nós colhemos esse carinho imenso da população”, ressaltou o empresário.
O engenheiro agrônomo e vendedor Cassiano de Oliveira Locatelli, também agradeceu o carinho da população. “É um momento de muita tristeza para nós, mas é confortante receber todo esse carinho da população”.